• Campanha de Prevenção Contra a Síndrome  de Apêndice do Namorado
  • Campanha de Prevenção Contra a Síndrome


    de Apêndice do Namorado


    Apêndice é um órgão que não serve para muita coisa. Só para inflamar e dar apendicite, o que não deve ser muito agradável. Portanto, é usado para descrever pessoas ou coisas inúteis que só ficam paradas ali, ocupando espaço, como, digamos, um apêndice.

    Pois a síndrome do apêndice descreve uma situação parecida, a de pessoas que se veem em uma situação bastante recorrente por aí – começam a namorar e, logo, não são mais ninguém. Geralmente o indivíduo em questão já não tinha uma personalidade muito ativa mesmo antes da relação. O quadro clínico é de passividade diante do mundo, com ou sem alguém do seu lado. Mas isso pode se agravar, e as crises agudas da doença se transformam em um caso crônico.

    Todo mundo já conheceu alguém com esta doença, e os casos costumam ser mais comuns durante a adolescência. A menina arruma o primeiro namoradinho e de repente some. Muda de turma, não fala com as amigas, para de frequentar as aulas de violão, esquece que tem uma vida própria. Ou o cara que conquista a garota dos sonhos colegiais dele e nunca mais aparece no futebol com os amigos da escola depois da aula. É bem próprio da imaturidade, do deslumbramento de quem não tinha uma vida pessoal muito intensa antes, e acaba agarrando o namoro com tudo que pode.

    Tudo bem, ninguém disse que isso não acontece com todo mundo em maior ou menor grau. Até os mais maduros. Quem sabe até na terceira idade as pessoas sejam sugadas de alguma forma por um amor recente. É uma delícia passar todo o tempo do mundo com o namorado, não querer saber de mais nada, se entregar de corpo e alma àquela paixão viva e pulsante que parece te completar de um jeito que ninguém jamais conseguiu. Mas, passados os primeiros seis meses, sinto muito, meu amigo, mas isso é sinal de que você não está numa relação saudável. Você virou um apêndice da sua namorada.

    Isto acontece porque, ao colocar a sua vida, os seus interesses, os seus amigos, em suspense, você está abrindo mão de uma identidade toda sua para virar um “acompanhante”. Sabe quando vem nos convites de festas a inscrição “Fulano e acompanhante”? Você é esse aí, e nada mais. A sua vida passa a se resumir a uma sequência de acontecimentos em nome do outro. Quando, na verdade, ela deveria ser em nome dos dois. Concessões devem ser feitas, sim, mas para os dois lados.

    Os interesses e hobbys que você tinha antes são deixados de lado e a sensação que fica é a de que você mudou mais do que deveria, a de não se reconhecer mais em si mesmo daqui a cinco anos. Seus compromissos não são mais decididos por você, a sua agenda já não te pertence mais. Você passa a não ter amigos seus, mas amigos dela que viraram seus.

    Você não tem mais uma identidade própria e independente diante das pessoas que te cercam. Por mais tempo que se passe, acredite, você não vai deixar de ser “o namorado daquela amiga” e uma eventual separação vai te deixar sozinho – de amigo e de hobbys, mas de personalidade também. Por isso, não importa o quão apaixonante e intensa seja a sua rotina de apêndice. Tente lembrar de vez em quando que as coisas verdadeiras valem mais, e que preservar e investir na sua identidade é a maneira mais fácil – e autêntica – de não deixar a vida passar em branco.


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