Mãe é um ser sábio. Me lembro quando, ainda um projeto de adolescente, corri pros braços dela pra chorar pitangas acerca do meu primeiro pé na bunda. E ela sabiamente disse – “Filha, tudo passa na vida. Ninguém morre de amor”. Na época pensei como toda adolescente que acha que os seus 14 anos de vida lhe deram experiência suficiente pra saber mais do que o mundo: “Ela não sabe de nada. Não tem ideia de como estou sofrendo. Quero morrer.” A depressão durou algumas curtas semanas e logo já estava pronta para a próxima.
Depois do pé na bunda de estreia, vieram outros. E conforme você cresce e começa a viver relacionamentos reais e não em estilo Malhação, a dor vem um pouco mais pesada também. Mas hoje repito as palavras da matriarca – ninguém morre de amor. Pode perder uns quilinhos, faltar uns dias no trabalho, beber mais que o normal – mas morrer, nunca vi.
O pé na bunda dói tanto porque mexe na nossa casca de ferida – o ego. Se parar pra pensar, a gente sofre mais por ter sido dispensado, por imaginar que a outra pessoa vai ser feliz sem a nossa ilustre presença, do que pela falta da pessoa em si. É claro que a gente sente falta, mas o ser humano é uma criatura que se adapta em praticamente qualquer situação. No começo sente falta da companhia, como um amigo muito próximo que vai morar fora, mas depois de um tempo você já estabeleceu outra rotina e começa a se lembrar de como era sua vida antes. E percebe que nem tudo está perdido.
Nesse momento, a fossa é necessária. É como a casquinha do machucado – dói, mas é o que recupera a ferida interna. Permita-se chorar e escutar “ All By Myself” no último volume – mas por um curto período de tempo. Depois, sacuda a poeira, dê uma chacoalhada em você mesmo e continue a sua vida. O mundo não para pra você sofrer.
O que eu não entendo são pessoas que tomam um toco e ficam correndo atrás do ex que nem papparazzo atrás de artista global. Conseguiria entender se houvesse 10 pessoas no mundo – mas não é o caso. Se o fulano não te quer, você vai ter que aprender a viver com essa realidade: você não é a última bolacha do pacote. Deixe o outro ser feliz e vá correr atrás da sua felicidade também. Antes sozinha do que comprometida por piedade.
Se você se esforçar pra continuar a sua vida e parar de se lamentar, de fuçar no Facebook do fulano, de ficar lembrando só das coisas boas do relacionamento e ignorando os problemas, você vai ser recuperar rápido. Depois de um tempo, nem vai mais lembrar da dor que sentiu – só quando senti-la de novo. Afinal, se quer amor, tem que estar preparada para a dor que pode vir junto. Já dizia o ditado: “se não sabe brincar, não desce pro play.”
PS: pras horas mais tensas, aperte o play:
*Sugestão de tema: @steephaanies