• Sexo, Simples Assim – por uma realidade com   menos regras e mais prazer
  • Sexo, Simples Assim – por uma realidade com


    menos regras e mais prazer


    por Camila Penachioni

    Estão querendo tornar o sexo uma chatice. Tudo é debatido, argumentado e concluído a respeito do que dá mais ou menos tesão. Como a coisa, além de ser uma delícia, é toda glamourosa, o que não falta são os especialistas no tema, mostrando toda sua sabedoria no assunto. Agora, será que você está se lembrando de praticar o seu sexo, aquele que é feito de puros desejos e quereres? Porque do jeito que está, parece que ele virou algo técnico, quase matemático: faça isso que terá prazer, faça aquilo e conseguirá gozar, tamanha a gama de técnicas e recomendações.

    Manual de uso


    Ok, o aparato de informações é fantástico: várias idéias criativas, sugestões, encorajamento às fantasias. Recorro muito para poder aderir às dicas, sem contar que há um ganho imenso para as pessoas em poder falar muito mais abertamente sobre o tema, sem a repressão de antigamente. Mas o que é tendência no sexo hoje, não pode virar uma ditadurinha chata, que no final das contas quer ensinar todo mundo a transar e sentir igual. Acontece que, às vezes, a gente fica com uma expectativa muito alta, achando que aquele sex toy, aquele manual de posições, ou aquela técnica de oral que a amiga ensinou, vão dar conta de algo que não vai tão bem. E, simplesmente, não funciona!

    Para mudar isso, a proposta aqui é outra, é perguntar pra nós mesmos: qual é o meu sexo? Tão íntimo, tão meu e familiar que dá até preguiça de explicar e só se quer fazer. Fica mais gostoso se você levar em conta as fantasias que te movem. Pode ser o romance, a pegada mais sacana, a dominação ou até um lance mais espiritual, se esse for o seu modo de se entregar. O que faz do seu sexo algo mais cheio de tesão, intensidade e verdade? Aí sim, os acessórios e técnicas terão muito mais sentido e utilidade.

    Descobrindo o sexo de verdade

    Quando transei na adolescência, pela primeira vez, acho que estava bem preparada do ponto de vista físico e de saúde. Tinha uma boa noção do que era uma camisinha bem colocada, dava uns amassos gostosos e preparava minha cabeça pra enfrentar a dor da primeira vez sem muito drama, afinal, eu lia tantas revistas com suas perguntas, respostas, matérias e relatos das leitoras sobre o tema, que quando fiz, estava bem consciente, até demais. Foi tudo tão prático! Durante um tempo, estive mais excitada com a idéia de transar do que com o prazer que deveria sentir.

    O brincar e criar no sexo só vieram mesmo quando começou a aparecer nas transas, depois de boas práticas, o que matéria nenhuma de revista podia me descrever: o prazer tomando conta do meu corpo, a confiança – no outro e em mim mesma – para falar de minhas preferências e fantasias, o parceiro fazendo sexo à maneira dele, incluindo surpresinhas que eu não podia prever nos meus roteiros e, claro, o gozo, que, por sinal, só acontece e só é inteiro quando nos conhecemos (por exemplo, pela masturbação prévia para descobrir como que é gostoso para cada um) e quando não é o único motivador da transa. O durante do sexo é um caminho tão alucinante quanto o gozo e isso me fez valorizá-lo mais como experiência, do que como algo a ser atingido. Algo que me lembra brincadeira de criança, que brinca pelo brincar, para se divertir, sem se preocupar no que vai dar o pega-pega ou o esconde-esconde.

    Menos metades, mais inteiros

    E o sexo que tem feito – está tão bom quanto gostaria? Falta algo? Falta coragem? Falta energia? Deixo aqui uma provocação: será que não falta você mais inteiro no sexo? Nas suas preferências e detalhes mais secretos? Sugiro que antes de conhecer o sexo dos outros, conheça o seu, percebendo no momento da transa, as sensações afetivas, espirituais e, claro, as físicas, que seu corpo e mente te dão de presente nessa hora. Mas calma, assim vão dizer que estou propondo uma prática meditativa. Nada disso. A idéia é saber o que te dá tesão para que técnicas, intensidades, texturas, ângulos, locais e joguinhos sexuais fluam, sem ficar só no roteiro, afinal, o seu corpo é feito para o sexo, um mar de prazeres a ser descoberto. Ouça e dê voz para o que ele quer. Cuidado com a saúde e respeito mútuo são premissas. Liberdade e diversão estão na essência. Sexo, simples assim.

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