Transar com 100 homens em 2011: essa é a meta de uma jornalista paulistana, que adotou o pseudônimo de Letícia Fernandez para proteger sua privacidade e a privacidade dos homens envolvidos no objetivo. Além de viver experiências com diversos homens, ela descreve todas elas em seu blog Cem Homens. Seu objetivo atraiu leitores fiéis, interessados nas aventuras sexuais de Letícia, mas atraiu também diversos haters, que não poupam comentários ofensivos direcionados à moça. Entre defensores e acusadores, o blog já atingiu 31 mil visualizações em um único dia.
E aí fica a pergunta, será que se a meta tivesse sido estabelecida por um homem, ela teria a mesma repercussão ou seria vista com mais naturalidade pelas pessoas? A reação das pessoas diante à meta da jornalista, pode ser mais um forte indicativo de que ainda temos um longo caminho a percorrer para uma verdadeira igualdade de direitos para ambos os sexos. A convidamos para falar sobre esse assunto e muitos outros em uma entrevista direta e cheia de verdades:
Explica um pouco pra quem ainda não te conhece – de onde veio essa história de querer transar com 100 caras em um ano?
Foi meio por acaso. Eu estava de férias e transando com vários caras. Parei e fiz as contas: se eu continuasse naquela mesma “pegada”, em um ano seriam 100 homens. Acabou virando uma brincadeira, mas bem menos séria do que as pessoas imaginam. Elas pensam que eu farei de tudo pra chegar nesse número, mas é claro que não farei.
Você sempre gostou muito de sexo? Sempre saiu com muitos caras ou chegou um momento da sua vida em que você sentiu a necessidade de explorar mais corpos e viver mais experiências sexuais?
Eu sempre gostei muito de sexo e já tinha uma vida sexual bem movimentada – antes do “experimento”, tinha transado com uns 80 caras. Mas era aquela coisa bem basicona: um cara só e eu. Esse ano que eu resolvi me abrir mais. E não apenas no sentido prático. Há coisas que eu não faria porque não tenho tesão (como, por exemplo, golden shower), mas passei a achar mais natural. Abri minha mente, também.
Se você é uma pessoa com liberdade sexual e intelectual, por que esconde sua identidade? Medo do que os outros vão pensar?
Infelizmente poucas pessoas pensam como eu. Acho que isso poderia atrapalhar no trabalho; não sei como as fontes (sou jornalista) reagiriam a isso, também. Além disso, eu não falo só da minha vida sexual. Como eu narro minhas experiências com outras pessoas, eu também estou falando da vida de outrem, né? Como eu poderia dizer, por exemplo, que estou saindo com um cara que curte, por exemplo, travestis? Daí as pessoas que me conhecem me veriam em algum evento social e já imaginariam se aquele que me acompanha é o tal que gosta de travesti. Complicado lidar com isso.
Pra você, é melhor ter uma variedade sexual grande ou ter um parceiro fixo? Quais os prós e contras?
Na minha vida funciona bem melhor ter parceiros variados, mas sei que isso não é para todos. Um aspecto negativo é que você perde um pouco na intimidade; você passa a conhecer melhor o corpo e os prazeres do outro com uma relação mais estável. O lado positivo é que você não se acomoda, não fica só “apertando os botões” que você já sabe que funcionam.
Qual a experiência mais estranha que viveu desde o início do seu projeto?
Foi o número 15. Ele era agressivo e não respeitou minhas vontades. Foi bem difícil superar.
E a mais interessante?
Sem dúvida nenhuma foram os ménages. Eu não tinha vontade de fazer antes, mas agora eu adoro.
Falando sobre ménage, essa modalidade faz mesmo toda a diferença ou na verdade é só mais uma fantasia que habita a cabeça das pessoas?
É incrível. Recomendo fortemente. Teve uma ruim, pois o cara não tinha a menor ideia do que estava fazendo, era afoito, um horror. Ele era simplesmente ruim de cama (se estivéssemos só nós dois, teria sido ruim também). Com outra mulher não fez a menor diferença na minha vida – não senti nenhum tesão. Imagino que seja mais difícil fazer sexo a três quando se está num relacionamento por conta do sentimento envolvido, mas se você é solteiro… vá em frente. É demais.
Onde conhece tantos homens? É mesmo fácil pras mulheres conseguir sexo a hora que quiserem?
Todo mundo conhece muito homem (e mulher). A diferença é que eu não fico esperando meus pés saírem do chão a cada nova pessoa conhecida. Quando fica muito claro o que as pessoas esperam daquela relação (não é preciso verbalizar isso; a gente sabe) e não se criam expectativas, o sexo acontece naturalmente. Quanto a ser mais fácil para as mulheres, isso é uma balela. “Ah, os homens sempre querem transar”, diriam alguns. A gente também adora sexo! Ninguém gosta de ficar na seca. Mas o que acontece é que alguns homens, por exemplo, beijam você numa noite. Aí não ligam nunca mais não porque não gostaram, mas porque acham que se transarem a coisa vai ficar séria, e eles não querem isso. Há também os que não querem virar homem só para transar (acreditem). Isso sem contar os enrolões, que ficam te cozinhando em banho-maria sabe-se lá porquê. E isso não acontece só comigo. Minhas amigas e leitoras reclamam demais dessa falta de atitude masculina.
Qual a melhor forma de conquistar uma mulher para conseguir sexo rápido? (Sem ser com garotas de programa)
Ser objetivo e prático. Não estou dizendo para falar “ei, garota, quero transar com você“, como alguns leitores sem noção fazem. O sexo pode entrar num contexto. Toda mulher gosta de um homem com um quê de safadeza. E não tem de ter medo de “avançar o sinal”. Se você só dá um selinho na hora de se despedir da mulher, ela com certeza não vai tirar a roupa ali na sua frente.
Qual a parte mais difícil de ter que encontrar tantos homens pra sair?
Lidar com os dramas. Eles também são inseguros, se preocupam com bobeiras e são vaidosos. Então, quando você não dá muita ideia, eles fazem bico, dão piti, uma chatice! Uma vez uma leitora colocou um comentário no blog que diz muito sobre isso: “100 homens, 100 problemas”. Acho que ela está certa. É bem cansativo lidar com o ego alheio.
Se baseando nas experiências que você teve até hoje, qual(is) o(s) defeito(s) mais comuns dos homens na cama?
Falando genericamente, acho que os homens não se preocupam muito com o prazer das mulheres. Eles superestimam o próprio pau (pode falar essa palavra? hahha). Querem sair enfiando ele em qualquer buraco, inclusive dando valor imenso ao sexo oral. Neles, claro. Então, está na hora de eles imaginarem que assim como é gostoso pra eles, é gostoso pra gente. Coloquem essa língua pra funcionar!
Você acha que a monogamia é possível, ou acredita que é muito difícil viver sem a variedade sexual da qual gostamos tanto?
Acho que não há fórmula para felicidade. Se você é monogâmico, não se sente preso e é feliz assim, ok. No meu caso, eu acho que é possível ser monogâmico durante aquela fase da paixão. Acho que a gente mesmo busca isso. Mas a médio/longo prazo, fica mais complicado. Quantas vezes a gente se sente culpado só de desejar outra pessoa, mesmo que nunca cheguemos às vias de fato? É preciso ter em mente que nós podemos, sim, sentir tesão e prazer com outra pessoa. Hoje acho que dá até para amar mais de um parceiro ao mesmo tempo, mas reconheço que é difícil colocar isso de forma prática.
Você acha que as pessoas têm grande dificuldade em diferenciar amor de sexo?
Muita! A mulher é criada para romantizar o sexo, como se fosse uma espécie de prêmio ou coisa do tipo. Quando são bem comidas, então, é um horror: já ficam imaginando que aquele cara é o príncipe encantado. O problema, acho, é essa mania de as pessoas não conseguirem ser felizes sozinhas. Por conta disso, um interesse sexual já é confundido com um interesse de relacionamento. E aí vêm todas aqueles frustrações que a gente já conhece…
Você recebe mais retorno de pessoas te apoiando ou te condenando?
Me apoiando, com certeza. Muitas pessoas dizem que jamais fariam o que eu faço, mas reconhecem que eu tenho direito a fazê-lo (o que é óbvio, mas não pra todo mundo). Tem muito também do “não li e não gostei”. Já me deixei abater pelas críticas, até pensei em abandonar o blog (mas não os meus homens), mas vi que estava dando muito valor ao que não vale nem um segundo de preocupação.
Você acha que se esse fosse um projeto de um homem, que gostaria de transar com 100 mulheres em um ano, ele teria a mesma repercussão?
Talvez não fosse tão polêmico. Acho que ia gerar inveja de muitos homens e curiosidade por parte das mulheres. Tem um blog antigo por aí de um cara que relatava a vida sexual e era terrivelmente machista. Outro dia vi que ele disse que eu era uma cabeça de vento. Ué, ele pode e eu não? E sempre vi um moooooooooooooonte de mulher lá dando mole nos comentários. Muitas dessas mulheres me criticam. Clichê, eu sei, mas é verdade: homem é garanhão, mulher é puta (e no sentido pejorativo).
Se você fosse dar uma dica para os homens transarem melhor, qual seria?
Prestem mais atenção na sua parceira. Não existem regras: tem mulher que gosta de um bom puxão de cabelo e de palavras safadas; outras, curtem uma coisa mais light, mais carinhosa. Teste, veja a reação, pergunte. Explore o corpo da mulher que está com você, com beijos e lambidas em lugares pouco convencionais. Encare o sexo como uma troca de carinho, e não como uma maratona (ficar ereto e assando a mulher por horas não é sinal de sexo gostoso). Use as mãos (dedo não é britadeira!) e língua, sempre.