• A Síndrome do Garanhão
  • A Síndrome do Garanhão


    Todo mundo conhece um garanhão na vida. Eles estão espalhados por todos os lados – na lanchonete da esquina, no happy hour no barzinho de playboy, na mesa ao lado da sua, no trânsito disparando olhares 43. Eles não acreditam na teoria que qualidade vale muito mais que quantidade. E assim, fazem o que mais sabem fazer: metralham.

    E se gabam ao contar para geral quantas mulheres comeram, quantas outras estão aos seus pés e como fazem a arte do malabarismo para estar com todas ao mesmo tempo.

    Os homens, em geral, já possuem a característica comum de gostar de enaltecer suas conquistas e exibir para os outros machos do bando como são capazes de ficar com uma mulher legal e gostosa. Alguns homens, no entanto, possuem esse desejo de exibição controlado. Outros, no caso dos garanhões, têm uma dificuldade imensa em guardar suas conquistas para si mesmo. Aqui, é possível traçar um paralelo entre eles e as piriguetes – assim como o homens  tem uma obsessão por exibir suas fêmeas, as piriguetes tem também uma obsessão pelo exibicionismo, com seus próprios corpos, no caso. E nessa disputa dos sexos, as mulheres acabam se dando mal – as piriguetes que fazem a escolha individual de se exibir acabam levando má fama, enquanto os homens que têm o hábito de exibir o outro, acabam  sendo vistos como os buena-pinta talentosos que conseguem qualquer mulher que quiserem.

    O mais difícil de entender nessa história é que as mulheres há séculos vêm se deixando cair na lábia dos garanhões. Talvez seja mesmo culpa da sensualidade inerente a seus seres. Eles são charmosos e sabem o poder hiptonizante que esse traço os oferece. Eles não acham que podem conquistar qualquer mulher no mundo – eles têm certeza disso. E cada nova conquista provavelmente reafirma a ideia que eles carregam no seu ser – que são a última bolacha do pacote, o último assento vazio do ônibus lotado.

    Essa auto-confiança ativa também o lado competitivo de algumas mulheres. Levadas pelo velho e desajustado conceito que o bom é sempre o mais difícil, elas estabelecem metas internas e correm em busca do seu alvo. Elas querem aquele que todas as outras desejam. Elas querem sentir que conquistaram aquele que é o objeto de desejo das mentes femininas. É como a velha história – mulher não se veste para os homens, se veste para as outras mulheres. E o garanhão consegue despertar o âmago do desejo feminino pela vitória. E em nome do status, elas sofrem, choram, esbravejam – e voltam sempre pro braço deles. Se não conseguem, tratam logo de identificar o próximo cafa existente na redondeza para que o ataque inicie.

    Eu sempre desconfiei dos garanhões. Nunca consegui me convencer que alguém que gasta tanto tempo em joguinhos de sedução em nome de colecionar o maior número de mulheres possível, possa realmente usar seu cérebro para outra coisa. Não dá para ser bom em tudo. A quantidade, automaticamente resulta em falta de profundidade. Garanhões colecionam relacionamentos rasos, vazios. Eles estão mesmo atrás dos números. Garanhões são, em sua maioria, uma grande mentira. E o kit beleza + charme + simpatia, implica quase sempre em um sujeito que no fundo não entende nada de mulheres e que nunca teve a capacidade de encontrar alguma que realmente acrescentasse algo na sua vida. Natural, já que eles sempre privilegiam as gostosas invés das com conteúdo; a bunda invés do cérebro.

    E talvez esse seja um dos motivos pelos quais ouvimos tantas mulheres reclamando que falta homem no mercado. Essas mulheres provavelmente estão atrás desse tipo de sujeito e nunca param para olhar os nota 7. Isso mesmo. Aquele homem não tão atraente, com uma barriguinha de chopp dando as caras, dirigindo o carro popular. Ele não passa tantas horas na academia porque tem outras coisas mais importante pra fazer. Nem está em todas as baladas, pelo mesmo motivo. Esse homem pode não conquistar todas com o seu charme nato, mas, se tiver oportunidade, vai mostrar que entende muito mais de mulheres – talvez porque a falta de atributos tenha feito com que ele percebesse a importância de observá-las. Esse vai ser o cara que vai ficar o quanto for preciso no sexo oral para que você tenha prazer. E vai ser para ele que você vai querer ligar quando receber uma boa notícia, porque saberá que ele te entende. Esse vai ser o cara em que você confia, porque sabe que ele não é do tipo que coleciona números, mas que, invés disso, preza pela qualidade.

    Os dois partidos estão na praça, provavelmente dividindo a mesma baia no escritório ou tomando um café na padaria ao lado. Não é muito difícil reconhecê-los – o garanhão sustentará sempre aquele ar de superioridade, por mais que tente escondê-lo. E aí, a escolha é de cada uma. Algumas preferirão o emocionante jogo de conquista que travarão com o cafajeste. Outras, preferirão a serenidade dos nota 7. Longe de mim querer julgar quem faz a melhor escolha. Afinal, já diz o ditado: cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é.


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