Puteiro. Palavra que possui inúmeras interpretações e significados diferentes dependendo de quem ouve: Se um homem solteiro ouve essa palavra, ele já pensa que vai fazer uma balada diferente naquela noite. Se um homem comprometido ouve essa palavra, ele já planeja em como enganar a mulher dele dessa vez. Se uma mulher comprometida ouve essa palavra, ela imagina o namorado transando naquelas orgias de antigos templos gregos com mulheres super gostosas se exibindo e fazendo sexo como deusas.
Esse mundo ornado com neon colorido está longe de ser como as mulheres imaginam. O homem descobre isso com seus primeiros passos dentro de um inferninho. De cara ele observa que aqueles seguranças são diferentes dos que trabalham em baladas da moda. Eles te olham feio, te revistam com má educação e te dão um tapa no ombro como sinal verde. Qualquer semelhança com revistas policiais é mera coincidência. O lugar escuro e abafado entrega o motivo de pagar apenas 20 reais na entrada e ainda levar um vale-drink como cortesia.
As mãos suavam de ansiedade para viver as sensações que antes eram conhecidas através de histórias mirabolantes dos amigos mais velhos. Ele sente um perfume de mulher – que de tão forte era bem capaz de que o corredor até a pista fosse limpo com essa fragrância – quando passa por ele uma mulher vestindo um mini short branco e um top transparente. Como todo homem, aproveita para conferir a bunda após a passagem da garota com apenas um pensamento: “Eu comia”.
Empolgado, ele acelera o passo e finalmente chega na pista com a esperança de encontrar mais 50 mulheres como aquela do perfume impregnante prontas para transar. As luzes estroboscópicas da pista confundiam sua visão, mas a verdade estava bem a sua frente: 30 machos para cada mulher, que naquela noite eram sete. Faça as contas.
A pista lotada de homens não deixava espaço para ele ir ao bar aproveitar o seu vale-drink – com a esperança de que a situação melhorasse com o efeito do álcool. Ele se enfia no meio dos machos pedindo licença, mas sua atitude é em vão e o deixa molhado de tanto ter que raspar o corpo em homem suado para continuar caminhando.
Bebe a primeira cerveja como se fosse água, para curar o calor. Conferindo o cardápio para pedir a segunda, descobre que uma mísera latinha tem o preço de 10 reais dentro daquele inferno. No desespero ele decide curtir a balada a qualquer custo, agarrando a primeira mulher que ele vê na frente. Depois de dar uns beijos no pescoço e falar que ela era muito gostosa, ele repara que a mulher tinha bigode. Provocando uma broxada instantânea, ele se afasta da mulher, querendo fugir daquele lugar para evitar que sua noite seja ainda pior.
Ele comunica para os amigos que está esperando eles lá fora e sai andando, como se não houvesse amanhã – mesmo que alguns desses amigos estivessem ocupados nos quartos do andar superior. No meio do caminho uma mulher pergunta se está tudo bem com ele, pegando no meio das suas pernas. Quando ele se dá conta, está pelado em uma cama ao lado dessa mulher que também está pelada, apenas recordando de como gozou gostoso com aquela profissional do sexo, nem lembrando mais o motivo para querer sair daquele lugar uma hora atrás.
Depois de tomar banho, desce para a pista com um sorriso no rosto difícil de esconder. Os amigos perguntam como foi e já marcam a próxima, dessa vez na quarta-feira, que é mais vazio.