• O Dia-a-dia de Uma Mulher  Que Só Pensa Naquilo
  • O Dia-a-dia de Uma Mulher


    Que Só Pensa Naquilo


    Um dos mitos que vem sido quebrado com as ideias da Nova Revolução Sexual, é que homem gosta e pensa muito mais em sexo do que a mulher. Se não podemos afirmar categoricamente que as mulheres assumiram o papel de quem mais pensa no assunto, podemos, ao menos, afirmar que os dois times estão equiparados. Prova disso são os inúmeros relatos que recebemos de mulheres insatisfeitas reclamando que seus homens estão ficando preguiçosos e sugerindo cada vez mais as rapidinhas enquanto elas gostariam de uma sessão completa. Não é regra, mas pode ser um indicativo de uma nova tendência.

    Mas, no que será que as mulheres pensam quando se trata do assunto? Quantas vezes elas pensam em sexo por dia? Quais os tipos de situação que as deixam com tesão? Para entender melhor o que se passa na cabeça delas, fomos falar direto com alguém que assumidamente gosta muito da coisa – a nossa colunista, Lasciva. Fizemos um desafio para ela no qual ela teria que anotar todas as vezes em que pensou em sexo durante um fim de semana. Ela, aceitou e nos relatou com detalhes como é o dia-a-dia de uma mulher que só pensa naquilo. Confira:

    Sábado, 28 de janeiro de 2012

    10h – Como de costume, acordo com tesão. Estou de ressaca, após uma noite bebendo vinho e fofocando na casa da minha amiga. Percorro minhas mão pelo meu corpo, o que aumenta minha excitação. Levanto, busco no armário o meu vibrador e volto correndo para a cama. Agachada, de frente para o espelho, providencio alguns minutos de prazer. Sem interromper o que estou fazendo, decido cumprimentar as pessoas do Twitter com um tanto de safadeza. Pego meu iPhone e digito: “estou na cama, brincando com o meu dildo 😀 bom dia!”

    12h – Após um bom tempo enrolando na cama, lendo e fazendo anotações, visto um mini macacão e faço cooper até a academia. Enquanto malho, um rapaz marombeiro, que está ali puxando ferro, não para de me encarar. Sempre simpática, sorrio para todos. Na volta do treino, envio uma mensagem para o rapaz com quem estou envolvida, com segundas intenções: “Quer comer? Bora almoçar!”

    13h – No Twitter, brinco com o fato de que o meu amigo estava trabalhando e não podia sair para (me) comer. Continuo tuitando enquanto cozinho o meu almoço. Um seguidor questiona se tenho nojo quando o homem goza na minha cara ou na minha boca. Respondo que eu amo cumshots, principalmente no rosto e nos peitos.

    15h – Recebi diversos emails de leitores, nos últimos dias. Mais até do que eu dou conta de ler e responder. Os emails que recebem a etiqueta “xaveco” são fáceis: agradeço o carinho e explico que minha vida já é muito agitada e prefiro não me envolver com as pessoas da internet, até como forma de me preservar e porque tenho receios das expectativas criadas a meu respeito. Já os pedidos de dicas demandam de mim pesquisa e reflexão. Pessoas me enviam histórias grandes e divertidas. Chego a gargalhar com os emails que recebo. Leio o caso de um cara que está convencido de que a bigamia é a solução para a sua felicidade. Outro rapaz me escreve suas dúvidas sobre fio-terra, cheio de dedos para tocar nesse que considera um “assunto delicado”.

    18h – Pesquiso algumas matérias com dados impressionantes sobre o comportamento sexual da mulher. Leio que apenas 5% das brasileiras afirmar terem mais de 11 parceiros sexuais durante a vida. Penso no tanto de garotas que conheço que já fizeram sexo com muito mais de 11 pessoas (como eu) e duvido um tanto deste número. Vejo também que uma em cada quatro mulheres afirmam não sentir orgasmo e penso como elas conhecem mal o próprio corpo.

    21h – Uma antiga paixão – um homem com quem tive um caso intenso e que hoje mora no exterior – me chama no Facebook. Falamos de coisas da vida e, claro, trocamos alguns elogios safados. Conto para ele que estou malhando e descrevo as formas do meu corpo. Envio para as últimas twitcans que fiz, para ilustrar o que digo. Enquanto ele assiste, faz um tipo de resenha do meu físico, via chat.

    22h – O garoto que recusou meu convite para o almoço pergunta, por mensagem, o que estou fazendo. Sugiro de sairmos para jantar no restaurante japonês. É o nosso terceiro encontro. Rola um clima de romance, mas sem alimentarmos expectativas de nada sério. Apenas curtimos um ao outro.

    23h – Na saída do restaurante, convido-o para a minha casa. Ele pede para passar na farmácia, mas digo que não há necessidade, pois tenho “tudo o que precisamos e muito mais”. Ao entrarmos no meu apartamento, ligo o som com uma banda de jazz, acendo os abajures e busco uma garrafa de água, antes de me esfregar nele. O rapaz não é o mais habilidoso na hora de me tocar. Mas me pega com força, como eu gosto. E me xinga sem parar, me fazendo sentir a perfeita vadia. Ele me pede para falar durante a transa – é o seu fetiche. Apesar de gostar mais de ficar caladinha, exercito todo o meu repertório de palavras sujas, para alegrá-lo. Ele me incita a gemer cada vez mais alto e emito diversos “ais”, aos gritos.

    0h – Após uma longa conversa, acabo contando para ele sobre minha identidade virtual e meu projeto de internet. O garoto não sabia ainda. Tive receios de prejudicar a nossa relação com isso, mas detesto esconder as coisas e mentir. O cara reage super bem, diz ter a cabeça aberta e parece se divertir com o material que mostro no meu notebook. Percebo que o garoto está animado para mais uma e, como até o momento ele não fez um sexo oral em mim, resolvo obrigá-lo com um facesiting – sento na cara dele. Transamos por mais duas horas. Quando já estou mole de sono, ele se despede e vai embora.

    Domingo, 29 de janeiro de 2012

    11h – Acordo, empolgada com a deliciosa noite de sexo do dia anterior. Ando pela casa, ainda nua. Observo meu reflexo no espelho e me acho mais sexy que de costume. Faço algumas poses enquanto deslizo as mãos pelas curvas do meu corpo.

    12h – No Twitter, comento sobre a noite passada. Estou feliz com a reação do meu peguete, que concluiu, após a minha revelação: “então você é a minha Lasciva”. Animada com a curtição afetiva em que me envolvi, tuito sobre o assunto, fazendo algumas brincadeiras carinhosas sobre ele.

    15h – Respondo a alguns emails recebidos de leitoras. Uma diz sentir culpa religiosa quando se masturba sozinha. Sugiro que ela estimule seu corpo na frente de alguém e me conte como foi. Outra garota quer dicas de como conduzir seu namorado na cama. Uma menina escreve, desesperada, que topou um ménage com o namorado e uma amiga dele, que ainda é virgem, e não sabe o que fazer. Já a outra foi convidada para um threesome com um amigo e a namorada dele, que supostamente a odiava. Mais uma leitora pede dicas para o namorado mandar melhor no sexo oral, pois nunca chegou ao orgasmo dessa forma.

    17h – Surgem algumas ideias para artigos e começo a rabiscar no meu moleskine, sentada no sofá da sala. Muitas vezes, enquanto escrevo, estimulo meu corpo para descrever melhor as sensações de prazer. Remexer o meu imaginário erótico provoca bastante tesão.

    19h – Um amigo que não vejo desde o ano passado passa em casa para me buscar. Marcamos um jantar. Peço para ele subir enquanto me maquio. Ele também é grande fã de arte erótica e traz para mim dois presentes: o livro “Delta de Vênus”, da Anaïs Nin e uma cópia do clássico filme pornô “Deep Troath”, de 1972.

    20h – Saio com o amigo para um boteco perto da Avenida Paulista. Comemos belisquetes e bebemos chopp escuro enquanto conversamos sobre as relações amorosas da nossa vida, casos malucos e, principalmente, crises de relacionamentos por que passamos. Ele me conta como foi a sua primeira vez – uma história engraçada. O papo me incita a fazer uma lista de todas as garotas com quem já transei.

    22h – Já em casa, escrevo no Twitter que contabilizo 20 parceiras sexuais, até o momento. É a primeira lista definitiva que faço das mulheres com quem me envolvi sexualmente. Há alguns anos, decidi tomar nota de cada rapaz com quem tenho relações. Tenho certeza de que não esqueci de ninguém: já me deitei com 58 homens, até o momento. Não acho que esses números têm algum valor e nem que me desvalorizam, como sugerem alguns dogmas da moralidade. Não tenho nenhuma meta numérica, faço as listas pois gosto de lembrar das experiências por que passei. Recordar minhas histórias de sexo me diverte e é um exercício de autoconhecimento.

     23h – Como não tive contato com o rapaz com quem estou enrolada, envio um SMS dizendo que senti saudades e mando um beijo. Ele sugere de nos encontrarmos na segunda, antes da academia. Fantasio que ele me segura com força, contra a parede, e que rola alguma sacanagem entre a gente, antes do nosso treino.

    0h – Deitada na cama, leio um capítulo de “Clic” – quadrinho erótico do italiano Milo Manara. É uma história de muita depravação e a arte é lindamente sensual. Enquanto leio, fico me bolinando sob o edredom. Alcanço um orgasmo, ainda com os olhos grudados no livro, e adormeço em seguida. É o fim de um fim de semana nada atípico, com sexo presente – nem que seja somente em pensamento.


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