Numa plateia de perdigotos, risadas e frases frouxas encorajadas pelo álcool, me desafiaram: O que as mulheres pensam quando um cara broxa? Eu raramente falo de sexo em público. Não que eu prefira fazer sexo em público – é só uma postura que adotei para manter o mistério, já que meus decotes andam muito descarados. Mas éramos oito amigos na vigésima garrafa de cerveja. Eu, a única mulher. Abrir uma exceção a minha regra talvez anulasse o próximo passo de qualquer bêbada: dançar de um jeito sensualmente patético em cima da mesa.
O dono da pergunta foi logo caçoado pelos colegas viris. Broxar é um assunto velado entre os homens. Se não falarem disso, nunca aconteceu. Eu ri. Passo um final de semana sem roupa na avenida Paulista se isso nunca aconteceu com todos eles.
Na mesa, eles evitavam me encarar, como se não precisassem da minha opinião. Como se não se importassem. Como se nunca tivessem passado por uma situação dessas. Mas os troncos e os pés deles continuavam voltados pra mim. A linguagem corporal é clara: eles matariam pela minha resposta.
Pensei que, não sendo comigo, eles podiam broxar quantas vezes quisessem com quem eles quisessem e fim de papo. Mas eles mereciam algo mais real. Quer saber, eu comecei. Eu acho que é muito mimimi em cima do assunto. Acho mesmo. Se não é a terceira vez que você broxa com mesma garota, então sossegue. Se é, procure um médico. Mas tranquilo. A-con-te-ce.
Se você for o meu namorado, eu até vou ficar ali te consolando, caso você seja do tipo que precisa ouvir boas frases pra se sentir menos frustrado. Mas não vou me importar. É só não virar rotina. Uma vez a cada seis meses, a gente aguenta. Mas se você for só alguém que eu estou saindo, eu vou me vestir e ir pra casa. Vou ler um jornal, jogar Angry Birds ou passar hidratante nas pernas. Já esqueci o que houve. Mas.
A minha impressão é que muitos garotos se preocupam se essa situação chata vai sair das quatro paredes e alimentar ouvidos curiosos. Sim, desculpe, mas vai. Nós contamos para uma, duas, três, quatro, cinco amigas. Você vai ganhar um apelidinho sobre o seu desempenho, quer dizer, sobre a falta dele? Também. Vamos rir um pouco da desculpa que você inventou pra justificar? Não. Vamos rir muito. E, por favor, você não foi o primeiro homem a enrugar nossos lençóis, portanto evite dizer que isso nunca aconteceu antes. A não ser que queira virar assunto de emails trocados por uma turma feminina e extremamente venenosa.
Vocês não comentam quem comem? A gente comenta quem broxa.
Pode ligar na semana que vem. Broxar, não anula uma segunda chance. Ela pode existir. Mas aí, amigo, você não decepcione, pelamordedeus. Concentração máxima. Trate seu desempenho como uma final de Brasileirão. Não beba tanto. Não cheire. Evite a fadiga, já disse Jaiminho do Chaves. A menos que você queira perder a garota e ter seu apelido de broxa perdurado nas rodas.
Enquanto eu contava, meus amigos assoviavam. Olhavam pro teto do bar. Pras bundas que passavam. Pediam mais rodadas. Mas eu sei que prestavam atenção em mim. Deviam estar multiplicando as vezes que já broxaram por cinco amigas.