• Porque a Lua Brilhou No Escuro do Céu
  • Porque a Lua Brilhou No Escuro do Céu


    Coisa linda da Lua é que ela brilha da mesma forma pra todo mundo.

    O Sol é dos excessos, dos extremos. Não sabe brilhar pouco. Brilha tanto que uma mera encarada de segundos pode cegar aquele que o observa. Sol é testosterona pura.

    A Lua, pelo contrário, é mais democrática, mais maleável. Ela filtra toda aquela luz cegante do Sol, e a traz em etapas, de um jeito que não machuca nossos pobres olhos de mortais. Talvez seja por isso que ela apaixona tanto. Você pode até ignorá-la no céu em meio aos afazeres da noite. Mas ela não desiste. Fica esperando, com a determinação de uma mulher que confia no seu taco. E então, quando você ergue a cabeça pra olhar qualquer coisa, ela te ganha. Mário Quintana sabia disso quando disse: “que haverá com a lua que sempre que a gente a olha é com o súbito espanto da primeira vez?”.

    E talvez você não perceba, mas a Lua te controla. Se ela rege as águas e as marés e se nosso corpo é composto por 70% de água, então ela nos rege. Dá próxima vez que se sentir introspectiva ou vibrante demais, dê uma espiada na janela e pode encontrar as respostas.

    Ela, quando nova, favorece os novos frutos. É a hora de começar um relacionamento novo, um projeto novo, de tirar da gaveta aquela ideia que estava esperando uma chance pra vir ao mundo. Bobinho, aquele filete de lua nada mais é do que o sorriso dela dizendo: vai garoto, a hora é agora.

    E ela então cresce, e leva junto quem acredita nos seus poderes. Cresce tanto que se enche de si. Cuidado – quando cheia, ela apaixona os mais desavisados. Ela também é mensageira. Dizem os rumores que ela conecta todo mundo que a observa no mesmo instante. Quilômetros de distância não significam nada  – ela é tão real pra você, quando pra quem está a horas de distância daí. Na dúvida, esqueça o sms e mande um torpedo por ela. Sempre funciona.

    E como tudo tem seu começo e seu fim, ela mingua, sinalizando que é hora de olhar pra dentro. Ela se cansa de todo aquele brilho e, exausta de ser a mensageira de tantos seres apaixonados, se fecha, se encolhe, se ausenta. Jamais ouse começar algo novo se a Lua está minguante. Ao mesmo tempo que demonstra sua generosidade com o brilho da Lua cheia, ela é impetuosa quando sinaliza que é hora de olhar pra dentro e não pra fora. Sementes plantadas nessa época, não vingam. Ovos botados nessa época, resultam numa série de seres que poderiam ser, mas que não foram, porque contrariaram suas regras. Ela avisa – o caminho é in, não out. Todas as respostas que procura estão dentro de você –  aproveite o escuro pra recorrer à sua luz interior.

    Se respeitar o tempo e aguentar a espera, a Lua sempre ressurge. Depois de ser apenas um filete de luz no céu e de nos deixar com aquela dúvida se retornaria do seu retiro, ela sempre volta. Por razões cósmicas, a Lua sempre repete seu ciclo e renasce na escuridão, recomeçando todo o processo novamente.

    Somente os insensíveis ao extremo não se sensibilizam diante desse milagre que se repete em ciclos. Mas a Lua, mesmo com tanta luz, é humilde – ela espera, até que um dia cativa até mesmo o mais ogro dos seres em uma das olhadas despretensiosas pro céu. E a partir desse dia, meu bem, você nunca mais se desapaixona por ela.

    Deixe todos os problemas de lado, coloque-os na fila de espera e agradeça: mais um dia, a Lua brilhou no escuro do céu.

    Sorte nossa.


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