Desde pequenos os homens são incentivados a explorar a sua sexualidade. Quando ainda bebês, naquela fase em que começam a descobrir o corpo e o seu novo “amigo”, sempre tem um pai ou tio babão pra falar: “Olha esse é meu filho! Já tá brincando com o pingulinzinho dele!”. Eles vão crescendo e têm todo um mercado erótico de revistas, lubrificantes e vídeos pornôs a suas mãos. Têm também sempre um primo que lhe dá dicas de como se divertir no cinco contra um, e promete que vai levá-lo no puteiro quando ele tiver com mais idade. Os meninos descobrem a masturbação cedo porque têm todo um contexto familiar e social a sua volta extremamente incentivador. Com as meninas o assunto é bem diferente.
Garotas crescem ouvindo que é para elas se sentarem “que nem mocinha”, com as pernas cruzadas e que uma menina que é “pra casar” não deve ficar com vários caras, nunca pode ser “fácil” e tem que se valorizar, se não vira uma “qualquer”. Vestígios de uma educação religiosa, que prega a virgindade, que tenta dominar a sociedade através do controle dos seus prazeres. Essa educação machista impregnou os costumes sociais, e consequentemente, colaborou para reprimir sexualmente a mulher. Apesar da revolução sexual e da emancipação da mulher, ainda vemos vestígios dessa repressão sexual na nossa sociedade. E é por isso que a masturbação feminina ainda é um tabu. Não somos preparadas para descobrir a nossa sexualidade igual acontece com os meninos. Isso explica porque ainda é grande o número de mulheres que não sabem como sentir prazer ao se tocar.
A masturbação é um ato inerente à natureza feminina. O teu clitóris existe com a única e exclusiva função de te dar prazer. Sim, ele não tem nenhuma serventia para reprodução, nem é usado para urinar, como acontece com o pênis. A sua única finalidade é fornecer o prazer feminino – e apesar disso ainda tem muito homem que não sabe muito bem onde ele se localiza, diga-se de passagem! Mas mesmo assim, mesmo sendo portadoras desse botãozinho mágico, ainda têm muita mulher que não se masturba. Algumas até tentam, mas não sentem prazer ao se tocar. Isso acontece, principalmente, porque as mulheres não conhecem o próprio corpo, pois não sabem lidar com a masturbação e vêm isso como algo inapropriado.
E isso tudo acontece quando, na verdade, a masturbação deveria ser vista como algo natural, um momento de autoconhecimento, uma prática necessária ao desenvolvimento da sexualidade. Somente conhecendo cada mínimo detalhe do seu corpo é que você vai poder apresentá-lo ao seu parceiro. Somente aprendendo o caminho que te dá prazer é que você vai conseguir gozar – acompanhada ou sozinha. Vejo muita mulher que não consegue gozar e acaba depositando a responsabilidade no parceiro, ou muito cara que se culpa porque não consegue levar a parceira ao orgasmo, mas péra aí: como o seu parceiro vai achar o caminho sozinho se você não o guiar? Tem muito cara que não sabe como masturbar uma mulher, mas aí cabe a você ensiná-lo.
Para mim, quem diz que não sente prazer ao se tocar é porque ainda não encontrou o caminho certo. E é por isso que eu defendo a ideia de que o vibrador deveria ser um item obrigatório em todo o criado-mudo feminino. Apoio totalmente as adeptas do I touch myself.
O clitóris não foi posicionado nesse local estratégico do corpo feminino à toa… Enjoy it!