• Sobre o Ritual Masculino  de Secar as Mulheres nas Ruas
  • Sobre o Ritual Masculino


    de Secar as Mulheres nas Ruas


    Não adianta: do monge ao executivo, todos são acometidos por essa pequena patologia específica dos indivíduos que portam o cromossomo Y. Os sinais são bem claros. Visão panorâmica qualificada pra enxergar os peitos de qualquer mulher que passe ao seu lado, uma vontade incontrolável de chamar qualquer nota 7 de gostosa no meio da rua e o movimento involuntário do pescoço girando em 360º pra não perder aquela bundinha avantajada que acabou de passar.

    Isso porque eu nem falei da visão de raio-X para decotes, da falta de concentração durante uma conversa – porque os olhos alternam entre o rosto e os seios e se fixam por  lá – e mais uma número indizível de sintomas.

    Mas chega de papo de bula. Puxe uma cadeira, peça uma cerveja pro garçom e sente aí que o assunto é sério. Já reparou que, não importa que tipo de homem seja, nós temos aquela mania secular de dar uma olhadinha? É quase que involuntário de tão natural que é. A coisa toda, a tal da mecânica, já existe no nosso sangue há tempos. Desde aquele passeio com o pai aos 8 anos de idade em que ele disse “filhão, olha que rabo espetacular aquele ali” e depois disso a gente desenvolveu essa e outras expressões pra devorar toda e qualquer mulher que passe diante dos nossos olhos.

    Como peões de obra, a gente não sabe diferenciar uma tiazinha mais ou menos de uma ninfeta gostosa: caiu no campo de visão e tem um decote mais ou menos já é peixe e papo pro barzinho de sexta-feira, amigo. A arma de ataque pode até não ser o assobio, mas os olhos trabalham que é uma beleza. Não há cego que resista.

    Enquanto elas, do lado de lá da mesa do bar, conseguem se manter firmes e fortes andando pela rua com um olhar reto, nós temos problemas com desvios. Elas se baseiam em aspectos mais profundos que o nosso raio X não consegue detectar. Levam em conta o tal do charme e a inteligência, mas a gente não tem tempo de avaliar isso enquanto esbarra em 20 mulheres por segundo. Continuamos com problemas com desvios.

    Mas é mais uma mania de macheza – desenvolvida por um sistema que define o macho pela sua capacidade de fazer barulho e uivar alto – que a gente pegou dos nossos pais e avós e por assim vamos levando. Pedimos desculpas, mas vamos continuar olhando. É instintivo. E daí vem a concepção de que mulher gostosa é o fraco de todo homem. Pode ser um Paulo Coelho intelectóide da vida ou um caminhoneiro em beira de estrada. Se colocarem todos à prova, vocês vão perceber que os tapas que a gente recebe das namoradas por olharmos pra outras são infundados.

    E cruéis.

    A gente não faz por mal e nem quer comer todas as novecentas e cinquenta mil mulheres que já passaram pela nossa vida.

    Apenas uma boa parte delas.

    (Agora queremos saber: e vocês mulheres, como lidam com a questão dos olhares na rua? E quando quem dispara os olhares é seu namorado, como fica?)


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