Há quem não beije, não transe, não converse, não aceite balas e não dê nem passagem na porta do banco se o signo do fulano não bate com o seu. Bobagem? Exagero? Superstição? Fé? O famoso “Vai que…”?
Há muitos anos, me disseram que Virgem era o meu signo complementar, por ser o oposto de Peixes. Me apeguei de um jeito a essa declaração, minha gente, que dificilmente voltei a dar chances aos fogosos escorpianos, aos visionários aquarianos ou aos taurinos possessivos. De lá pra cá, só me enrabichei com os certinhos, organizados, meticulosos e chatos (?) virginianos. Coincidência ou não, quando fiz uma retrospectiva da minha vida afetiva/sentimental/astrológica/fantasiosa percebi que os caras mais importantes foram de Virgem. Na verdade um deles não, mas quando a gente quer acreditar numa coisa, falseia até a própria história.
Vamos lá, confesse. Você nunca conheceu um cara de que gostou e foi logo fuçar – depois do facebook dele, é claro – algum site de astrologia só pra dar uma checada se os signos de vocês combinavam? Eu, em noites desesperançosas, já até baixei aplicativo desse tipo no celular. Espiava um perfil no twitter e já corria pra verificar a nossa compatibilidade amorosa. Só pra dar aquela fantasiada de como seríamos especiais juntos, se o sexo seria bom, se ele seria um cara ciumento. Nunca a compatibilidade me jogou um balde de água fria dizendo: corre que geminiano é roubada, minha filha! Ninguém se interessaria por um futuro tão amargo longe do homem da sua vida (no momento, né) e como quer popularidade, a astrologia vai ser aquela menina boazinha do colégio que nunca te diz não.
O horóscopo é aquela água de coco que chega quando você está no meio do verão baiano transpirando os 75% de água do seu corpo. Que felicidade! Ele te diz que vai ficar tudo bem, que vai dar certo, hoje talvez não, mas na primeira quinzena de maio, ou na próxima lua nova, quem sabe só em 2014 quando Urano sai da sua Casa 3 rumo a tranquilidade.
Na verdade, nos apoiamos nessas características zodíacas quando não termos ainda uma relação profunda com a pessoa e não a conhecemos. Ela pode ser de tudo: boa, agitada, sonhadora, escorregadia, aparecida etc. A maioria, quando se apaixona, adora passar horas pensando em alguém e imaginando como seria estar com ele. A compatibilidade amorosa serve pra alimentar mais esse mundo inexistente, criado na nossa cabeça apaixonada.
Uma espiadinha pós-ficada você pode, mas sem viciar. Eu já trabalhei com gente que justificava suas atitudes por causa do signo. “Ai, você sabe, priorizo a família, porque sou canceriana”. E você rebate: “Puxa, mas não te acho tão sensível assim”. E ela: “É que meu ascendente é Leão”. Signomaníacas sempre têm uma desculpa astral na manga.
Dica de amiga: não afunile o amor. Encontrar uma pessoa bacana já está bem difícil pra você colocar mais um empecilho na lista de pré-requisitos. Não é porque o Quiroga diz que você pode ser mais feliz com um pisciano que você vai pautar suas relações nisso. Amar é conhecer alguém de verdade, muito mais do que abrir o jornal pra ler previsões do que pode ser, mas não vai, pra maioria das pessoas que dividem o segundo decanato de Libra com você. Mas se mesmo assim você quer esperar o seu verdadeiro amor que se apresenta na forma de um rapaz moreno, bem-humorado, alto, inteligente e sagitariano, fique à vontade. O meu namorado é virginiano, mas juro que foi sem querer.