Enquanto esta coluna é escrita no escritório, uma pilha de pratos está formada na pia da minha cozinha. São quatro, cinco inocentes pratinhos, seguidos de seus talheres, na cozinha do pequeno e aconchegante apartamento no centro de São Paulo. Não os menospreze, porém.

Quantas coisas eu faço e refaço, passo e repasso, somente para agir de acordo com as expectativas daqueles que nem ao menos sabem o porquê as têm. Essa afirmativa marreta minha, até então, sã consciência, enquanto permaneço imóvel e inevitavelmente submerso em mais uma epopeia escrita nesse trânsito caótico.

Foi-se o tempo em que nós, mulheres, éramos escolhidas, mas nunca podíamos escolher. Hoje já é mais que natural: se uma mulher tiver vontade, ela pode – ou melhor, deve – chegar em um cara. Afinal, é uma delícia tomar a iniciativa. Mais que um deleite, é uma conquista. Mais ação, menos força do pensamento.

Doa a quem doer, é uma realidade dada e reconhecida universalmente: todos os homens mentem, sem exceção. Mentiras de nível grave, médio ou brando, mas todos mentem. Mulheres que são alvos da mentira sempre reagem de forma indignada quando a descobrem – como se nunca tivessem sido autoras de alguma.