• Tem Fogo? – Breve Análise do  Impacto do Cigarro nas Relações
  • Tem Fogo? – Breve Análise do


    Impacto do Cigarro nas Relações


    Pessoas são diferentes – e viva a diversidade. Junto com pessoas diferentes, vêm hábitos diferentes. E se você quiser ser feliz com uma pessoa legal, vai ter que aprender a tolerar alguns desses hábitos. Quando digo isso, não estou incentivando ninguém a gostar ou a aderir: apenas tente suportar – já é um bom começo. Ser fumante é um dos hábitos mais polêmicos na vida a dois, dividindo opiniões e trazendo à tona discussões bastante acaloradas. Conheço gente que deixou de fumar por causa de um grande amor. E conheço gente que preferiu o cigarro ao parceiro. Eu, pra ser sincero, odeio cigarro. Mas não posso ser hipócrita a ponto de dizer que nunca me senti atraído por uma garota que fuma, ou que nunca fingi que não me importava só para me aproximar dela. É por isso que, apesar dos pesares, para mim o cigarro sempre teve uma dubiedade encantadora.

    Você pode ser como eu e não gostar desde o cheiro até os efeitos colaterais, mas não dá para negar que o ato de fumar traz certa sensualidade embutida. De longe, ela lá e eu aqui, o cigarro só traz coisas boas. A mulher fumando calma, o gesto de levar algo à boca o tempo todo, sugar aquilo e depois devolver, tranquila, um conteúdo branco, é no mínimo inspirador. Outra coisa que é fatal no cigarro – e quem é fumante pode confirmar – é a confiança que ele oferece. Se uma pessoa está esperando por outra em um ambiente desconhecido, ela fica acuada, ombros fechados, expressão apreensiva – totalmente fechada para qualquer abordagem. Mas assim que ela acende um cigarro… Ah, tudo relaxa. Ela não está mais sozinha: o vício é seu fiel companheiro. Ela se sente confiante, tranquila e mais convidativa a uma aproximação. Nas mulheres o ato de fumar pode ser comparado ao de colocar um vestido que valoriza o corpo ou calçar um salto fatal. Nos homens é como estar em dia com a academia ou ter a certeza de que, por dentro das calças, tem centímetro de sobra. A confiança vem – e se esvai – em forma de fumaça.

    Muita gente ainda usa o xaveco do “você tem fogo?” nos fumódromos da vida. Eu não sei se daria muita trela, mas, por incrível que pareça, meu amigo, funciona. É ambíguo, geralmente vem precedido de um sorriso sacana, já dá início a conversa com um interesse comum e abre muitas portas. O fato é que gente que fuma, enquanto está com o cigarro na boca, parece muito mais aberta a qualquer contato: uma conversa, um flerte, uma troca cúmplice de olhares. A confiança que o cigarro traz ao fumante não raro se transforma em sensualidade. Mas como eu já disse, isso é lá longe – o cigarro lá e eu aqui, babando, desejando ser aquele filtro, entrar naquelas bocas e ficar com aquela marca de batom. De perto a história é diferente. Da mesma maneira que um fumante abordando outro é quase certeza de, ao menos, uma conversa amigável, se um dos dois não fuma, há grandes chances de o contato ser tão efêmero quanto a fumaça que se esvai pelos ares.

    O erotismo, a sensualidade e a atração visual vão pelo ralo quando, junto com toda a fantasia, vem o cheiro. Ah, se o cigarro tivesse perfume de rosas… O problema é que não ser fumante e ficar com quem fuma exige certo nível de desprendimento ou de “foda-se” ligado, e isso geralmente acontece quando a pessoa que fuma é muito bacana, muito bonita, muito interessante ou outro “muito” que o valha. A língua de quem fuma tem uma aspereza incomum. A pele de quem fuma envelhece em progressão geométrica. Os cabelos de quem fuma perdem aquele brilho bonito que reflete a luz do sol. E os dentes de quem fuma ficam amarelados como papel guardado no fundo da gaveta.

    E mesmo se você é dos que não ligam para nada disso, ainda pode encontrar outros obstáculos na hora do sexo. Primeiro porque o fumo contínuo pode diminuir a libido e, na hora H, ela ou ele podem não estar preparados para a ação. Depois, porque sexo tem gosto – de suor, de esperma, de saliva – e as toxinas do cigarro fazem com que, fatalmente, o gosto das secreções íntimas perca qualquer nota de doçura. O sexo oral fica mais amargo. Mas nada disso é o fim do mundo. Gostou da menina? Ela tem um “muito” que vale a pena? Rolou química com o cara? Apesar de amarelado, o sorriso dele é o mais encantador que você já viu na vida? Vá em frente – ou pelo menos tente. Com uma dose de bom senso e se os dois cederem um pouquinho, não há cigarro que impeça você de se dar bem hoje à noite, meu amigo. Seja você fumante ou não.


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