Esse é mais um post da sessão Casal Recomenda, que acontece aqui no site toda quarta-feira (sim, isso é um plano estrategicamente pensado pra dar uma sacudida na sua vida sexual. Não sabe do que estamos falando? Clique aqui.)
Definir-se é se limitar. Pode parecer clichê, mas pense com cuidado: quantas vezes você, que jurava que nunca ia fazer uma determinada coisa, fez, gostou e queimou a própria língua? Conheço gente que jurava que nunca ouviria forró, e hoje vai ao rala-coxa quase toda semana. Conheço gente que odiava brócolis com todas as forças, mas que provou na pizza por acidente e agora lota o prato com o legume no self-service. Conheço gente que sempre condenou namoro à distância, mas que hoje enche de coraçõezinhos e declarações rasgadas o perfil da rede social de uma pessoa que mora a 300 quilômetros de distância.
E aí, será que vale a pena mesmo a gente se colocar em caixas organizadoras ou em seções de livros na biblioteca? Ah, eu sou corajoso, persistente e engraçado – então nunca posso ter medo de uma barata, desistir no meio do caminho ou ter um dia que seja de tristeza. Não, meu amigo. As coisas não funcionam assim. E para mostrar que, na maioria das vezes, o ser humano não se encaixa cem por cento em definições preestabelecidas, a artista norte-americana iO Tillett Wright fotografou quatro mil pessoas que de alguma forma tinham relação com o círculo LGBT e perguntou a elas: você consegue definir em uma porcentagem o quão gay e o quão hétero você é? A imensa maioria não conseguiu.
“Self Evident Truth” (ou Verdade Autoevidente, em português) é um projeto que traz à tona uma discussão de muito valor num mundo generalista e que concede ou nega direitos com base em classificações extremamente racionais. Onde e com base em quê se traça a linha entre os diferentes orientações e gêneros sexuais, se os próprios participantes do círculo LGBT não conseguem se definir 100% gays ou 100% héteros? Vale mesmo a pena cercear os direitos de alguns se, na verdade, somos todos iguais?
Para entender melhor o conceito do projeto, hoje a gente recomenda essa palestra dada pela idealizadora em um TED de 2012. E depois disso, a gente também recomenda, se for o caso, que você reveja os seus conceitos.
PS: Conhece algum livro, filme, música, álbum, obra de arte, projeto, etc. fodástico que fale de sexualidade ou de relacionamentos de uma forma inovadora/interessante? Mande a sugestão pra gente com o título “Sugestão – Casal Recomenda” no e-mail: redacao@casalsemvergonha.com.br.
