Vai, menina, segura a mão daquele rapaz distraído. Chama ele pra dançar o único beijo da tua noite. Sorri pra ele, que ele sorri de volta. Dá um passo na direção dele, que fica por conta dele o final da história.
No mundo, ninguém gira sozinho. A Terra só rodopia, mesmo que lentinha, quando a gente tem em quem se fundir. As madrugadas não foram feitas para a tua solidão. Teus olhos querem alguém pra acordar. Tua espera cansou de telefone mudo. De um fim do túnel escuro. A lembrança de teus sábados à deriva não te incentivam?
Vai, menina, que o mundo não é dos sozinhos. Se quer companhia, ocupa a cadeira ao lado do rapaz. Toma a atenção dele. Deixa um coração te perceber. Não enrola o tempo, que a vontade amorna. Não espera as cinzas da noite para se embriagar de coragem. O beijo de última hora é fugaz e escorre do corpo quando a sede passa. Limpa o medo da boca, deixa restar apenas sorriso e olá. Cinco segundos sacodem futuros.
Seja o que Deus quiser, menina. Pode ser mais uma página romântica pra contar mais tarde. Não faz ele deixar o salão sem levar o vício pela tua beleza. Não aborta esse amor, não. Nada de ir pra casa conversar com paredes, que isso já é rotina. Cola nele pra sempre. Mesmo que tudo se enterre, quando outro eterno chegar. Deixa nele, menina, um gosto de tem mais.
Chacoalha a tua vida. Engaveta as dúvidas de lado. Tira o peso. Vai viver este conto. Leva os sapatos pra brincar com os dele. Vai, menina, vive este baile como se fosse o teu começo.