Esses dias, durante um almoço com o pessoal do trabalho, uma colega fez um comentário sobre prostituição que nunca me ocorrera antes. Ela disse: “acho que boa parte do prazer de sair com uma prostituta deve ser o fato de pagar, de dar o dinheiro, como se você estivesse comprando algo, tomando posse de alguém”. Durante alguns minutos fiquei tentando digerir a declaração. Depois concluí que existem muito mais motivos para pagar por sexo do que nós imaginamos.
Há um consenso geral de que uma noite de sexo com uma prostituta, mesmo que cara, sai mais barato do que conquistar aquela sua amiga da faculdade ou conseguir levar aquela prima do seu amigo para a cama. Gasta-se com tudo, desde uma camisa nova para parecer um pouco melhor apresentável, até gasolina para levar a moça pra casa quando você descobre que ela mora extremamente longe. Mas se dinheiro fosse o problema, a coisa seria até um pouco banal. Na verdade, a grande vantagem do sexo com prostitutas está na certeza de que não haverá envolvimento emocional.
O que a maioria dos caras que paga por sexo está realmente procurando é uma “ficante” que não ligue no dia seguinte, que não faça cenas de ciúmes, mas que esteja sempre à disposição quando for chamada e que, quando estiver com ela, qualquer programa – de cinema a jantar na casa dos avós – termine em uma transa fenomenal. Os homens querem diminuir a dor de cabeça e aumentar a diversão, coisa que nem a mais liberal e desencanada das moças consegue proporcionar sempre.
Muita gente pensa no trabalho das prostituas como um instrumento de traição. Mas pode ser que não seja exatamente assim. Tenho amigos – no plural mesmo – que são solteiros convictos e pagam garotas de programa regularmente. A maioria dos caras que eu conheço já transou com uma prostituta, independentemente de estarem comprometidos ou não. Tive uma chefe – casada, por sinal – que dizia que “prostituição é um serviço de saúde pública”, e isso faz sentido. A prostituta é a companhia pra quando o cara quer simplesmente transar, sem precisar se submeter aos horários de uma fuckfriend, sem gastar dinheiro com um programa anterior (ele pagando para a mulher ou não) e sem precisar ficar no cinco contra um eternamente. É o sexo no qual o homem está 100% no comando, mesmo que o desejo dele seja ser submisso. É um fast-food do prazer.
Tem cara que se sente inseguro com o tamanho do pau e sabe que a puta não vai ligar pra aquilo. Tem cara que se sente carente e quer alguém que beije devagarinho, mesmo sem nenhum amor. Tem cara que quer ser dominado e não tem coragem de pedir pra namorada ou esposa. Outros querem mesmo buscar o sexo que não têm em casa – anal sem limites, gozadas na cara sem sinal de nojo, gritaria, tapa e putaria sem pudor. Outros querem experimentar coisas que eles querem manter em segredo, como o famoso fio terra ou qualquer outro tipo de penetração… Enfim, as prostitutas guardam segredos mortais, (presume-se que) fazem tudo muito bem feito, não deixam rastros e batem palmas até pro pior desempenho do planeta.
Homem gosta de atenção, e elas são aficionadas por ouvir clientes. Tem aquele tipo de homem – nós do CSV estamos tentando extinguir essa raça, mas eles ainda existem – que querem pensar só no próprio prazer e fim, e as prostitutas não estão nem aí se ele quer dormir ou dar a segunda. Na visão masculina as garotas de programa não são opostas às “mulheres normais”, mas sim, complementares. Em geral, a prostituta representa um complemento da vida sexual do homem que não consegue, de alguma maneira, se sentir livre com o que tem disponível ou ao seu alcance. Ela é a porta de entrada para fantasias moralmente condenáveis, fisicamente impossíveis e psicologicamente indeléveis.
E é por isso que eu digo: enquanto houver prostituição, haverá clientela.