Onde estão os homens de verdade? Vira e mexe, alguma amiga me pergunta isso, ao lamentar sobre sua situação amorosa. Elas estão cansadas de falta de atitude, egocentrismo e falsas promessas. Sem a menor pretensão de virar algum tipo de guru sentimental, eu arriscaria dizer que a diferença entre moleques e homens não depende muito da idade. E o mais grave: que muitas das mulheres desejam tipos mais descompromissados, conquistadores e infantis, mesmo sem saber disso.
A ciência vem para confirmar o que eu digo. De acordo com o psicoterapeuta americano Ken Page, o principal motivo pelo qual mulheres procuram por esses tipos de caras tem a ver com uma explicação sobre as “atrações de privação” – quando somos atraídas(os) por pessoas que encarnam as piores particulares emocionais de nossos pais. Inconscientemente, buscamos por alguém que consiga deixar as mesmas cicatrizes e feridas que sofremos na infância. Dessa forma, a nossa mente recria tudo o que vivemos, mudando o final e “nos salvando” das coisas ruins do passado.
Mas independente da sua parcela de culpa – consciente ou inconsciente – no insucesso da sua vida amorosa, não estou aqui para condenar ninguém, e sim para deixar um alerta: há diferenças – às vezes sutis, às vezes explícitas – que diferenciam um homens e moleques.
Moleques, quando se deparam com uma realidade dura, choram, esperneiam e descontam na mãe. Querem a comida daquele jeito, o sexo assim e a vida assado. Homens não perdem tempo com autopiedade. Mesmo tarefas chatas, mas que precisam ser feitas, como trocar o lixo do banheiro ou fazer um relatório interminável, são realizadas sem suspiros bravos e incompreendidos.
Moleques fazem o que é mais fácil. Culpam os outros por seus próprios problemas e dizem que não têm o que querem porque, parafraseando o grande Boça do “Hermes e Renato”, o mundo “é puta injusto, mêêoo”. Homens sabem que o senso de justiça é uma ilusão. Afinal, o mundo continuará a ter desafios e cabe a eles resolverem suas dificuldades de forma criativa, sem grandes dramas ou desespero. Não se subestimam ou superestimam. Assumem o seu próprio tamanho, sem arrogância.
Moleques acreditam que o dinheiro compra tudo, enquanto homens, mesmo com a carteira cheia, sabem que o que importa é o que se tem na cabeça. Moleques pedem permissão e esperam por aprovação. Homens dão permissão a eles mesmos e não esperam por um ato encorajador para tomarem ação de suas próprias responsabilidades.
Moleques querem provar que estão sempre certos, descartando possibilidades que contradizem suas opiniões absolutas. Homens procuram por falhas em suas teorias para se tornarem cada vez melhores no que fazem. Mesmo se encontrarem evidências que contestem sua fé, sempre irão aprender algo novo e significativo.
Moleques se sentem bravos, frustrados ou ansiosos e deixam que esses sentimentos resultem em ações e palavras. Homens analisam sensações e as transformam. Raiva vira poder, frustração vira confiança e ansiedade controle. Encaram impasses e se superam. Equilibram seriedade com leveza. Têm jogo de cintura para não levar tudo rigidamente à sério.
Moleques não cedem em um relacionamento, ou utilizam seu tempo procurando por garotas para dormir. Homens mostram em atitudes diárias que realmente amam uma mulher, ou investem seu tempo procurando por aquelas com as quais valha a pena acordar no dia seguinte. Eles sabem que a curva mais sexy do corpo feminino não é a bunda, mas o sorriso.
No final das contas, o que separa um homem de um moleque são as escolhas que cada um faz em momentos decisivos, desafiadores e assustadores de suas vidas. Tal definição não deve ser baseada em atitudes dos passado, mas por quais caminhos seguir no presente momento. Então, em vez de fazermos a pergunta “onde estão os homens de verdade?”, poderíamos trocá-la por outra com mais relevância: de agora em diante você, leitor, terá vontade se tornar um homem ou permanecerá um moleque?