Cutucou-te. Clica, analisa o perfil, observa o nome, avalia os gostos musicais, os filmes que viu, os livros que leu. Avalia as fotos de marcações de amigos, sim, pois no perfil todos os deuses gregos estão vivos e caminham na Terra. Passa os olhos nas publicações recentes – é bom olhar se não compartilha correntes. Antes de partir pro “enfim ao chat”, abre a pequena caixa de pandora: ver sobre.
Solteiro, orientação sexual favorável e então a idade. É mais novo.
Como uma montagem do clássico “E o vento levou”, ali está você, dramaticamente vestida de Scarlett O’hara, mas sem o galã Rhett Butler, que dará lugar a sua mãe – ou avó – que com a mesma entonação de “frankly, my dear, I don’t give a damn” dirá: francamente, querida, isso vai dar merda.
E nesse devasto mundo do drama que é encontrar alguém, você se vê coagida a rejeitar “a corte” do cavalheiro, afinal, ele é mais novo, e já diziam as senhoras mães: homens mais novos você já sabe, não é? Eles demoram mais para chegar à maturidade intelectual! Você precisa de um homem mais velho!
No tempo da minha mãe e da minha avó, eu não sei. Aliás, sei, sabemos. Não se dava para pagar pra ver o tempo todo. Não se tinha essa liberdade toda de sair com vários caras. Mas hoje, com um tanto mais de liberdade sexual conquistada no mundo feminino, ainda que se tenha muito a conquistar, sabemos que distinguir as pessoas pela idade já não é lá algo tão certeiro assim. Há homens de 30 que passam por um de 15, e alguns de 20 que passam por um de 40. E com toda essa nova era, os tempos modernos têm atrasado o término da adolescência, algo comprovado. Mas reapareceria sua mãe – ou avó – pra chutar a porta dizendo que o cara mais novo, na cama, não será nada comparado ao mais velho. Ah, por favor. As mulheres que estão aqui, manifestem-se. Quem nunca conheceu um homem maduro com falta de habilidades e com necessidade de encaminhamento manual ao clitóris, que atire a primeira pedra! Toda regra com suas exceções, mas aí não há regra alguma. Então, desliguemos o mini flashback da mãe e do filme dramático.
Eu não sou a Madonna nem a Suzana Vieira. E sequer sou uma mulher madura. Mas creio que esses exemplos de mulheres autossuficientes não carregariam bebezões para criar. Além delas, existem tantas outras com homens tendo até menos da metade de suas idades… E notem, geralmente todas bem resolvidas em suas vidas e com estabilidade. O ponto não é a Madonna, e muito menos a Suzanna Vieira. O ponto não é nem sua mãe ou sua avó. O ponto é o quanto as coisas mudaram. No tempo da minha avó, ou até da minha mãe, mulheres buscavam maridos, não homens. As famílias das mulheres buscavam para elas uma vida estável que nada delas dependia, mas sim do marido. Buscava-se o casamento em troca da estabilidade de uma vida, e óbvio que seria muito mais fácil conseguir isso com homens mais velhos, com suas carreiras profissionais e suas posições sociais conquistadas. Mas hoje não – hoje a mulher já conquista sua própria vida sozinha, e se for buscar alguém, não precisa mais se prender à necessidade.
Cabe ainda dizer que o ditado popular corre risco. Em tempo de panela elétrica, será mesmo que só a velha é quem faz comida boa?
Blasé, eu apenas responderia: a única coisa de que desconfio é que todas têm tampas que lhes sirvam.