2014 acabou de começar. E é inevitável olhar para trás, considerando tudo que fizemos no ano que passou, e para frente – tentando adivinhar tudo que virá nesses próximos 12 meses. Meu 2013 – não que alguém queira saber, mas a coluna é minha e eu escrevo quase tudo que eu quiser – foi bom. E ruim. E estranho. E agradável. E desastroso. E maravilhoso. Ainda que esse ano a sociedade tenha discutido um pouco mais sobre igualdade entre os gêneros, problemas sociais e políticos, teimo em considerar esse saldo negativo.
Explico.
Em uma frequência muito maior do que eu imaginava e desejava, tive conversas longas com diversos colegas (homens e mulheres) tratando sobre a sexualidade do outro. Não sobre a escolha sexual em si – até porque decidi excluir da minha vida pessoas que não desejam a felicidade alheia -, mas sobre as preferências sexuais do outro quando a porta do quarto se fecha e as luzes diminuem.
Somos um grupo de pessoas (eu e, presumo, quem se interessa por um site chamado Casal Sem Vergonha) que carrega, em sua grande maioria, o rótulo de sexualmente liberal. Isso não significa, em suma, que nós vivemos uma rotina desregrada de múltiplos parceiros sexuais e orgias tresloucadas – mas apenas que respeitamos esse estilo de vida, que é tão ordinário quanto qualquer outro. A coisa me parece mudar de figura, porém, quando a diferença de realidades ultrapassa a mesa de bar e chega à porta de casa.
Amigos e amigas me procuraram – por terem a errada impressão de que, por escrever sobre relacionamentos, eu sei alguma coisa sobre o assunto – para compartilhar medos e receios de suas vidas amorosas e sexuais. Na maioria dos casos, a história era bem simples: pessoa x encontra pessoa y, eles ficam, decidem transar e algo dá errado.
– Ele/ela fez algo que eu não gostei.
– E por que você não falou nada?
– Porque é o tipo de coisa que simplesmente não se faz, ué. Preferi não dizer nada.
Pediu pra parar, parou!
Como assim, “algo errado”? Excluindo da lista de probabilidades qualquer tipo de agressão ou violação física não permitida (porque o tapinha, se consentido, realmente não dói), cada um tem direito de gostar ou não gostar de tudo. Beijo na nuca, puxão de cabelo, tapa na bunda, palavrões, brinquedos eróticos, inversão de papéis, teatro, sexo na banheira, sexo no chão, sexo de ponta cabeça, sexo com três (ou quatro, ou cinco) pessoas e muito, muito mais.
– Mas eu tenho o direito de não gostar, certo?
Certo demais. O problema é presumir que a outra pessoa está errada por gostar de algo que você não gosta. Sexo é entrega. É diversão. Também é amor, carinho, intimidade, mas sexo é tesão. E tesão não têm cálculo, fórmula nem livro de instruções. Independente de dividir a cama com a pessoa por uma noite ou pelo resto da sua vida, é importante se abrir para o prazer do outro – e, ao mesmo tempo, para o seu. Se em 2014 o pudor não puder ser eliminado das nossas vidas, que ele pelo menos fique trancado para fora do quarto.