Outro dia, movido pela libido, que parece aumentar nesses tempos de verão, resolvi montar uma playlist com músicas para ouvir entre quatro paredes. Primeiro, coloquei todas aquelas que já conhecia e que, na minha opinião, são verdadeiros Viagras sonoros. E, apesar de não ser adepto do sexo tântrico e de saber que é difícil aguentar mais do que 12 músicas dentro dela, resolvi recorrer ao Google para preencher o espaço que ainda estava vago em meu pendrive. No campo de busca, escrevi: “Fuck music”. Achei que estava no caminho certo para criar a mais afrodisíaca de todas as compilações musicais. Foi aí que tomei um belo susto: dei de cara com sugestões sonoras que, na minha humilde opinião, seriam mais úteis para embalar um papo regado a bolo e chá com minha avó ou até, quem sabe, para serem usadas como trilha em comerciais de supermercados. Pensei: “Ou a galera anda transando com medo de amassar a cueca, ou estão fazendo o mesmo tipo de sexo que aparece em filmes da Sessão da Tarde”. Não estamos na Lagoa Azul e muito menos num episódio de Malhação. Até o romantismo tem hora. Se quiser saber uma verdade que ninguém lhe conta: até mesmo os príncipes da Disney, quando estão nas horas vagas e fora dos castelos cenográficos, não ficam cheios de dedos, ou melhor, usam todos eles, de uma só vez, como bichos entregues ao instinto e à vontade de trepar.
Como pode alguém transar ao som de “I Will Always Love You”, da Whitney Houston? Por favor, não achem que sou insensível. Na verdade, acho essa música linda. Entretanto, na hora de meter, por remeter ao Kevin Costner e por me dar a bizarra sensação de estar sendo observado por um guarda-costas, prefiro uma música capaz de embalar meu tesão. Outra indicação recorrente é a música “How Deep is Your Love”. Cara, a música é genial. Mas para transar? Juro que quando vi a sugestão, até conferi para ver se, ao invés de “Fuck Music”, não tinha errado e buscado algo como: “músicas para filmes de casamento” ou “trilhas para chorar no calor da cama”. Pode isso, produção? A imagino de quatro, deliciosa, na minha frente e, abruptamente, o espaço sonoro do quarto sendo invadido pela voz dos Bee Gees. Porra! Se estivesse ali para escovar o cabelo dela, tudo bem. Só que não! Algumas mulheres, quando têm orgasmos, até choram. Mas as lágrimas devem surgir como reflexo do prazer, e não devido à fossa instaurada pela música.
Como se desgraça pouca fosse bobagem, tinha gente até recomendando “Se eu não te amasse tanto assim”, da Ivete Sangalo. Agora me responda sinceramente: além das coxas da cantora, existe algo sexy nesse som? “Se eu não te amasse tanto assim, talvez não visse flores dentro de mim”, diz a letra. Eu digo sem medo: na hora do sexo, não quero colocar flores dentro dela, e sim o pau. Por mais duro que pareça, é isso mesmo que você leu. Prefiro deixar as flores para enfeitar a cesta de café da manhã ou como a surpresa que a fará trabalhar o resto do dia feliz.
Não levem tudo ao pé da letra. Fazer amor não significa, necessariamente, ao som de algo meloso, jogar pétalas sobre o corpo dela. Por mais irônico que pareça: foder, no sentido gostoso da palavra, pode ser a maior de todas as demonstrações de amor. Ou você ainda acha que a maior expressão do sentimento é dizer “eu te amo”, dar flores e andar de mãos dadas no shopping? A uma mulher que sabe das coisas, pergunte se ela prefere um imenso buquê de rosas colombianas ou se prefere uma noite de sexo do bom. Não falei? E, para uma boa foda, daquelas que nos deixam com câimbras em músculos desconhecidos e com marcas por todo o corpo, nada de Whitney Houston, Bee Gees, Ivete Sangalo ou Padre Marcelo Rossi. Aí vão as minhas sugestões de fuck music. Para ouvir baixinho ou no último volume. Mas, sem dúvida, para estremecer o quarto e a vizinhança.
1. Nine Inch Nails – Closer
2. Kid Rock – So Hott
3. Queens Of The Stone Age – Make It Wit Chu
4. Massive Attack – Angel
5. Marilyn Manson – Eat Me, Drink Me
6. PJ Harvey – Rid Of Me
7. Mad About You – Hooverphonic
Obs.: espero que o texto tenha gerado boas risadas e que as minhas indicações, ainda hoje, estejam com vocês quando não estiverem mais vestidos (as).
