O sexo é uma delícia, tudo funciona perfeitamente bem, só que não existe nada além disso. A tendência de muita gente quando encontra sexo incrível é tentar transformar essa sensação embriagante em outra coisa, enxergar um relacionamento, um futuro para uma combinação que nunca deveria ir além dos lençóis.
A culpa deve ser da ocitocina, vulgo “hormônio do amor”, que invade a nossa corrente sanguínea durante o sexo e confunde os nossos neurônios. Quando alguém nos dá muito prazer, claro que a vontade é de beber mais e mais dessa fonte.
Um pode estar falando alemão e outro grego, mas achamos que estamos nos comunicando na mesma língua. Ficamos caçando os mínimos sinais de afinidade para tentar acreditar que aquela relação pode ser mais do que simplesmente sexual.
Como é possível dois corpos se entenderem tão bem na cama e não terem mais nada em comum? A sincronia do prazer não significa nada? Tem gente que não consegue entender que às vezes sexo bom é apenas sexo bom, sem mensagens subliminares, sem sentimentos escondidos.
Da mesma forma que existem casais que se dão bem em tudo, porém são um fracasso no sexo, há aqueles que não se dão bem em nada, mas foram feitos um para o outro quando estão na cama. Os beijos se complementam deliciosamente, os corpos se encaixam de maneira natural, os fluidos escorrem, o tesão segue a mesma cadência e até o orgasmo explode junto.
Porém, quando o sexo termina, esse mundo mágico desaparece. Aqueles seres que pareciam almas gêmeas se tornam apenas dois estranhos com um orgasmo (ou múltiplos) em comum.
Não há mal nenhum quando o sexo é apenas sexo. Isso não deveria ser frustrante. Por que somente o amor leva todas as glórias e virtudes? Sexo sublime também é algo raro e merece ser valorizado. O único problema é querer sempre transformar o sexo gostoso em algo mais, como se só isso já não bastasse.
Se apenas o sexo é bom, para que ficar inventando uma história que não existe? O melhor é extrair cada gota de prazer desses momentos e dizer tchau, adeus ou até breve com leveza, sem expectativas exageradas ou cobranças que nunca poderão ser satisfeitas.
A linguagem dos corpos habita um terreno misterioso. Às vezes, o pau e a buceta se entendem perfeitamente bem, mas as almas não se cruzam. E daí? Sexo só de corpo também extasia e liberta.
