• Qual é o seu nome mesmo? –  A minha visão sobre sexo casual
  • Qual é o seu nome mesmo? –


    A minha visão sobre sexo casual


    “O caminho é por aqui”.

    Foi a última coisa que ouvi antes de descer as escadas em direção a uma fileira de cabines no banheiro unissex. Tinha uma galera fazendo fila em uma dessas cabines – dava pra ver que eles tavam meio noiados, esperando pela vez de botar pra dentro algum pó barato que era vendido na Augusta. Eu tava na festa há exatas duas horas, ela era gostosa, sabia falar sobre Billy Joel e Jay-Z na mesma frase sem opor os dois, tinha um sorriso bonitinho e eu não tinha motivo nenhum pra dizer não. Entramos, fudemos, de quatro, de lado, ela por cima, apertei a descarga sem querer, a gente riu um pouco, joguei a camisinha fora e fui pra casa dormir.

    Sexo casual nunca tinha sido meu forte, saca? Acabei aprendendo que depois da primeira vez que você faz e percebe que não é um monstro, todo o resto acontece mais fácil.

    Por que eu acho que você se sente um monstro? Porque a maioria das pessoas me acha depravado, no mínimo, quando conto que me atraquei num motel caído às 18h50 depois te ter trocado olhares com uma loira no metrô. Rápido, prático e indolor. Eu trato o sexo casual como ele deveria ser: casual. Sem tanta necessidade de apresentação, sem aquele samba-do-crioulo-doido das intenções, sem aqueles maneirismos de video game que a gente costuma jogar a primeira fase, segunda fase, peraí, é agora que a gente pode considerar transar? A gente ficou tão acostumado a bater ponto em início de relacionamento, coisa e tal, que até pagar uma puta é visto de forma mais natural que sexo casual.

    Então eu encaro de forma simples a coisa toda. Se bate atração e eu não quero mais do que relaxar, bater um papo breve, contato e essas coisas rápidas, pra que elaborar um conto de fadas pra cair na cama com alguém? Na maioria das vezes, você, eu, um monte de gente na rua só querem prazer e não realizam aquele desejo de encontrar um estranho perfeito por puro medo do julgamento posterior ou da ressaca moral – acontece e muito, principalmente quando passa o tesão e você se pergunta o que tá fazendo na cama com uma desconhecida. A gente concebeu um modelo de pensamento tão forte de que isso é sujo, que não é digno, que não tem cabimento e aproveitou pra apontar o dedo pra quem faz. E eu não preciso ir longe, não. Te pergunto, aqui na calada da noite do meu quarto, por que você reprime tanto o desejo de transar com quem quer, com aquele cara do apartamento de cima ou com a guria nova do trabalho que te deu mole? Não existe problema algum em deixar as regras bem claras – isso evita desentendimentos, ultrapassagem de limites, tapas na cara (ou na bunda) e gente que gosta de sadomasoquismo (não é a minha praia, desculpa). Ah, meninas, isso também não é errado, não te torna menos digna, não faz com que você seja fácil, coisa e tal. Isso é só o que aquele bando de machistas querem que você pense.

    E eu te pergunto, caro leitor, qual o problema de esbarrar com alguém na rua, trocar olhares e acabar na cama com ela (ou ele) sem precisar saber RG, endereço, coisa e tal? Você me diz que tem medo de doenças, medo de cair nas garras de um psicopata, medo do que vai encontrar, mas tudo isso tem solução. Camisinha pra primeira, treino pra segunda, leis mais claras – e não falo da Constituição – pra terceira. Os riscos que você levanta podem ser encontrados em qualquer relação normal. A guria com quem você saiu duas vezes é realmente descartada de possíveis suspeitas de psicose? Aquele coxinha da Vila Olímpia tem mesmo cara de quem não vai tentar te obrigar a nada na cama? Sexo é um campo minado pra qualquer modalidade: não tem como saber se você vai sair ileso, mas você precisa dar o primeiro passo pra conhecer as suas possibilidades de ganhar o jogo.


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