• Sexo pode ser o que você quiser:  manifesto por uma sexualidade menos careta
  • Sexo pode ser o que você quiser:


    manifesto por uma sexualidade menos careta


    Hoje o papo é sobre sexo e para falar de sexo a gente não precisa dessas amarras todas, certo?

    Vem cá, broto. Tira esse corpete que mais parece instrumento de tortura medieval e deixa tudo à mostra. Vai, rapaz, tira esse sapato de bico fino que não estamos aqui pra bebericar espumante com o mindinho levantado.

    Puxa essa cadeira de plástico e pede uma cerveja barata.

    Todos acomodados? Espero que sim.

    A gente aprendeu, por aí, que sexo é pecado. Que menina precisa ser direita. Que homem tem que ser macho. Que pra gatinha abrir as pernas, o gatão tem que abrir a porta do carro – e é ele que paga a conta do restaurante (e do motel).

    Cá pra nós, isso é muito anos 50 – e por mais que seja uma década bonita, época que a Brigitte Bardot tomava Sol na laje em E Deus Criou a Mulher (e nem imaginava que, quase sessenta anos depois, um moleque paulistano ainda babaria por ela), está no passado.

    Já passou da hora de começarmos a olhar pra frente.

    Sexo, colegas de copos e corpos, é igual cerveja: tem gente que gosta muito e tem gente que gosta pouco, mas existe uma chance muito grande de você, no decorrer de sua vida colorida,  tomar uma garrafa ou duas. E é só assim você irá descobrir a tua praia.

    Não se coloca a colher no sexo consentido alheio, a não ser você seja chamado para um  ménage à trois tão francês quanto a Bardot – e nesse caso, colega, é bom levar colher, garfo e faca, porque o banquete costuma ser farto.

    Sexo pode ser aquilo que você quiser: uma maneira de se divertir (sozinho ou não), um jeito de demonstrar amor (guardando-se ou não), uma fuga temporária dos problemas mundanos ou a solução para todos eles. Contanto que todo mundo se divirta, vale tudo – inclusive homem com homem e mulher com mulher.

    Pode ser um espetáculo acrobático digno de deixar o Cirque du Soleil com inveja ou uma valsa a dois tão suave quanto aquela brisa gostosa no fim da tarde.

    Independente daquilo que sexo seja para você, é preciso deixar todas as outras coisas trancadas do lado de fora do quarto. Não importa se você vai fazer amor ao som de músicas românticas ou transar como se fosse o seu último dia na Terra: aquele momento é apenas sobre você e a outra pessoa que está dividindo seu corpo, intimidade e prazeres contigo.

     Ao contrário do que muita gente teima em dizer por aí, se dar ao respeito não reflete o número de pessoas com quem você já transou, a época que a virgindade foi perdida ou não ir para o motel no primeiro encontro: significa compreender que, assim como em qualquer outra coisa na vida, as pessoas têm gostos e vontades diferentes – e é preciso respeitar isso.

    Preocupemo-nos menos com o fetiche de quem está fora do nosso quarto para que consigamos, passo a passo (ou transa a transa) descobrir o que queremos e gostamos. Você pode ser o rei do kama sutra ou a presidente do papai-e-mamãe, contanto que seja feliz nesse que é o exercício físico mais antigo (e mais gostoso) inventado pelos deuses.

    Como Rita Lee já cantava, amor é bossa-nova e sexo é carnaval. E o que realmente importa, no fim das contas, é que no fim do dia nada te impede de assoviar Vinicius de Moraes depois de pular uma, duas ou três marchinhas.


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