para ler ouvindo “I’m Your Man”, do Leonard Cohen
Foi assim, por um instante. Eu pensava nos seus olhos e elaborei um plano: “o que eu posso fazer pra colocar dentro da cabeça dessa mulher o quanto eu gosto dela?”.
Eu sabia que tudo poderia ser mais fácil no cara-a-cara, olho no olho, no instante, no momento, no clima, no tempo, nas palavras, no tato, no olfato, nas risadas, nos abraços, nos puxões, nos pelos arrepiados. Tudo que estava ali já dizia: vocês serão amores.
Resolvi te escrever. Nós dois costumamos dar valor ao que está no papel.
Queria te dizer que se você precisar de um amor, eu sou o seu homem. Se quiser só um amante, eu faço tudo que você me pedir. Se precisar só de um parceiro, de um companheiro, pode segurar na minha mão. Se quiser encher alguém de porrada até derrubar no chão: eu sou seu homem.
O que você quiser, eu quero. Eu assino um cheque em branco, um contrato sem ler as letras maiores, um atestado, uma certidão, um depoimento. O meu testamento: serei sempre seu.
Se precisar de um pugilista, eu começo o meu treinamento baseado nas horas em que passei vendo “Rocky”. Se quiser um médico, examino cada centímetro seu. Se quiser um motorista, entra aí. Se você quer me dar uma carona, pode ser a hora que for: eu sou o seu homem.
Se precisar de um pai para o seu filho, eu sou seu homem. Se precisar que eu tome chuva por você, nunca nem gostei de guarda-chuvas mesmo. Vou de São Paulo ao Rio de joelhos, como numa promessa, se você quiser. Se precisar trabalhar, eu fico invisível. Dirijo seu carro quando estiver cansada na estrada. Levo sua bolsa, a sua bagagem, seus acertos e pecados. São todos meus.
Se quiser ouvir música, eu compro um violão. E vou cantar a sua beleza. Se você quiser, eu choro. Se quiser rir, eu escrevo um show de stand up. Se quiser dormir, eu durmo. Se quiser varar a madrugada, vamos ver o sol nascer, até aplaudo, se for o caso. Se você quiser, eu quero. Mas de você, só quero que saiba uma coisa.
Eu sou seu homem. Do jeito que você quiser.
