Sexo. Eu faço. Você faz. Sua vizinha faz. Seus pais já fizeram. Seus filhos, um dia, irão fazer. E os filhos deles. E os amigos dos filhos deles. Sexo faz bem pra saúde do corpo e da alma. Faz bem para os cabelos e para a pele. Faz bem pro ego e faz bem pro coração.
Ainda assim, por mais que esse seja o assunto favorito de todos os frequentadores das mesas de bar do mundo, teimamos todos em colocar tabus, regras e coleiras nessa prática tão maravilhosa. Esquecemo-nos, num levante de arrogância, que sexo é uma das coisas mais naturais do mundo – e deveria ser tratada como tal. Têm tantas pessoas chatas por aí que elas são capazes até de deixar o sexo broxante antes mesmo dele começar.
Dito isso, fui escalado pelo Casal Sem Vergonha para desenvolver, aqui, uma pequena ode ao sexo primitivo.
Antes de começarmos de vez, vamos às preliminares:
Em momento algum “sexo primitivo” significa algo não consentido ou que não esteja de acordo entre ambas as partes. Ainda que transar seja uma das coisas mais naturais do mundo, com explicações científicas e todo aquele papo de “no fundo nós somos todos animais”, qualquer atitude não consentida que invada a privacidade alheia não é apenas babaquice: é crime.
Agora que já estamos entendidos, vem cá. Vamos conversar.
Não tenho nada contra o sexo planejado, “lugar comum”. É imensamente divertido trocar mensagens maliciosas, provocações à distância, combinar dias, horários e lugares. Com todas as responsabilidades da vida – e agendas cada vez mais lotadas -, nos vemos forçados a encontrar espaços específicos para o prazer. E o sexo não deixa de ser bom, mesmo que seja todo orquestrado. Existe uma diferença, porém, entre o sexo planejado e o sexo morno, quase frio. E é esse segundo que pode se instaurar dentro do teu quarto e trazer problemas significantes pro teu relacionamento.
Muito além do fantasma da rotina e das agendas cheias, temos a tendência de encarar aquele sexo divertido, mais apimentado e apaixonado como uma fase de início de relacionamento. Você, afinal de contas, ainda não conhece todos os atalhos do outro corpo. A curiosidade de descobrir cada ponto fraco, cada lugar especial e cada nova sensação parecem deixar tudo mais gostoso, tudo mais natural.
O tempo passa, porém, e você já sabe quais caminhos seguir. É como dirigir para o mesmo lugar todo dia, certo? O carro praticamente se guia sozinho. Errado! Errado demais!
A intimidade não deveria trazer uma vida sexual tediosa: deveria esquentá-la ainda mais.E não é um raciocínio tão complexo assim.
Em pleno século XXI, ainda somos repletos de neuras e medos na hora de transar. Acabamos suprimindo vontades íntimas com medo do julgamento alheio, e guardamos todo aquele prazer num cantinho do nosso imaginário, trancado a sete chaves. Pois bem: estar dentro de um relacionamento é justamente ter toda a intimidade e confiança para experimentar coisas novas com seu parceiro(a). É dar asas a todas as suas fantasias e prazeres, sem se preocupar com o que o outro vai pensar – afinal de contas, é dele(a) o mesmo direito – e dever!
Por isso, sem meias palavras, um apelo aos casais, rolos e todas as outras sortes de relações que temos por aí (inclusive se você é solteiro): transem menos, trepem mais. Vamos tratar o sexo menos como uma orquestra, que precisa ter cada instrumento afinado e perfeitinho, e encaremos como uma bela sessão de blues improvisada: a química e a intimidade vão fazer com que tudo aconteça do jeito certo, da melhor maneira possível.
Sexo é experimentar. É autoconhecimento. É receber e dar prazer. Sexo é gozar. E se você fugir do script pode descobrir maneiras muito mais divertidas de fazer isso.