Não venha com a proposta de me fazer feliz, eu já sou. Mas senta aqui comigo, vamos dividir o sofá e ouvir mais uma canção de Caetano. Eu apoio as minhas pernas em teu colo e você me sorri daquele jeito misterioso. Não tente fazer as coisas que eu gosto para me agradar, está tudo bem. Eu posso fazer o que quero quando sentir vontade. Mas dança comigo esta noite, mesmo que sem música. Vamos rolar no tapete da sala e esquecer que existem pessoas no mundo, além de nós dois. Nosso universo é tão simples e não faço questão de mais espaço, nós cabemos nele e isso já basta.
Não fale de futuro como se fôssemos eternos. Mas deita a sua cabeça em meu peito e escuta como meu coração bate apressado quando você está comigo. Eu não faço a menor ideia do que seremos amanhã, mas hoje e agora temos um ao outro e o mundo poderia acabar que eu não sentiria medo de nada.
Não me diga que quer me completar, já sou completa. Olho para mim mesma e não sinto falta de nada. Mas segura a minha mão e diz qualquer coisa para que eu apenas ouça o som da sua voz. Quando você fala, alguma coisa mais profunda me toca por dentro, e no instante em que você para e respira eu já sinto saudade.
Não me traga nada, aqui já tem tudo. Não me cobre nada, eu não serei o que você espera. O amor é tão simples e somos duas partes indescritivelmente diferentes. Mas podemos aproveitar a beleza dessas diferenças sem deixar o amor sucumbir. A gente só precisa ser a gente mesmo e encostar um no outro sabendo que jamais seremos perfeitos.
Não me iluda, não tente ser outra pessoa. Não projete em mim aquilo que gostaria que eu fosse. Mas me olhe devagar e descubra o quanto eu gosto de estar aqui, como sou, e de olhar para você exatamente do jeito como você é. Vamos nos dar um amor franco. Sem sobras ou reservas, sem expectativas ou promessas. As pessoas maquiam tanto seus rostos e suas atitudes que uma hora elas cansam, e ser elas mesmas afasta o outro de forma tão veloz quando foi a chegada.
Então seja você e deixe que eu seja eu. Dois inteiros que não estão juntos porque desde que o mundo é mundo nós procuramos a nossa metade. Mas sim, porque escolhemos somar aquilo tudo o que somos, por desejo e não por necessidade.