Acho incrível o jeito como você tropeça nos próprios pés e cai, parece uma cena em câmera lenta, sabe? Parece que você vai caindo e sorrindo e deixando o cabelo voar pra trás que nem parece queda, só dá pra reparar em como eu adoraria cair contigo.
Quando você masca chiclete e puxa a ponta com um dedo e olha pro lado e faz qualquer outra coisa que eu já parei de registrar porque, meu bem, você é sexy de um jeito que deixaria as meninas das revistas desconcertadas – porque elas precisam fazer poses e tirar a roupa, e você não.
Você me deixa arrepiado quando morde o lóbulo da minha orelha e sussura que não queria sair da cama hoje. Quando agarra o meu pescoço e crava a unha nele pra me puxar pra perto, mesmo com uma mão no celular e a outra em mim, eu não consigo disfarçar. Dos pelos das pernas aos cílios, eu sou seu. E acho a coisa mais gostosa do mundo quando tu me pega te olhando e pergunta o que foi. Foi nada e tudo, meu bem.
Quando chega brava, querendo chutar o balde, o chefe, o que tiver pelo caminho e esbarra em mim, esbarra e me beija com essa mesma raiva, me puxa pra cama e me manda esquecer dos lençóis e da luz acesa mesmo é que eu te acho sexy. Te acho sexy no modo ora educado ora raivoso de encarar o mundo, te acho sexy na hora que liga pra mãe pra perguntar sobre algum remédio eficiente pra enxaqueca, te acho sexy amassando uma bolinha de papel e atirando em mim. Te acharia sexy no escuro, mesmo que não pudesse te ver e tateasse pra te encontrar.
Você não diz e eu sinto. Se diz, fala arrastado que não queria sair hoje e me puxa com as pernas pra ver TV. Eu tiro a roupa e fico. Tiro a roupa e vejo que intimidade tem nada a ver com nudez, tem a ver com isso que a gente tem.
É só me olhar que você me tem ali, meu bem.