Uma vez li que existem pessoas que pertencem somente a si mesmas. Foi como se eu e o livro tivéssemos iniciado um diálogo então. Eu percebi que, de fato, certas pessoas têm uma particularidade tão nobre que chega a ser dubitável negar admiração.
Elas têm a chamada exuberância do mundo interno. Parece que te arrancam sorriso com apenas um ou dois olhares, mas é no papo que elas te cativam. Não há coisa alguma que se compare à sabedoria e malícia de vida que elas deixam transbordar pela boca. E é aí que paixões acontecem.
Pessoas assim são pessoas inteiras. Elas se doam mas não se perdem, e, se acontecer, pegam um atalho e se encontram rapidinho outra vez. Seu brio se impõe, mas não grita. Seu olhar te convida a entrar, mas existe o risco de você não sair.
Pessoas inteiras são pessoas que veem o mundo através da luz, não da penumbra. Sentem por inteiro, tocam cada parte, amam de verdade. São apaixonantes. São apaixonadas. Pela vida, pela curiosidade, pelo prazer. Elas mostram sem medo o coração e a bagunça de sua vida. E bagunçam a sua vida.
Elas são muito mais do que nome, endereço e idade. Elas são a música que escutam, a poesia que cabe na alma, a mania que irrita, o pensamento que guarda memórias pessoais e pessoas memoráveis. São verdadeiras colecionadoras de momentos, e por isso são cheias de história e de boa energia. Dá vontade de ficar perto delas o tempo todo, só para ouvir o que elas tem a dizer sobre o mundo que a gente acha que conhece.
Pessoas inteiras se fazem presentes, comparecem, assumem. É disso que gente como a gente gosta: mais do que palavras, atitudes. E é por isso que quase já não há mais espaço para pessoas pela metade, vazias, sem cor, sem vida. Eu quero mesmo é uma vida recheada de pessoas inteiras.