• Preocupe-se mais com as segundas impressões
  • Preocupe-se mais com as segundas impressões


    “A primeira impressão é a que fica.”

    Sempre comprei essa ideia, afinal, sou gente de humanas que acredita em energia, conexões espirituais e áurea. Nunca precisei de mais do que um encontro para crer – ou não – que me conectaria positivamente com o outro ou se aquele novo personagem passaria pela minha vida como um coadjuvante, daqueles que aparecem numa cena ou outra mas jamais modificam o roteiro final.

    Depois de algumas decepções e outras grandes surpresas, compreendi: as primeiras impressões são – antes de cósmicas, energéticas, surreais – filhas do preconceito. De primeira, somos capazes de saber se o outro se enquadra em nossos padrões: se nos identificamos com suas roupas, se o seu jeito de falar nos agrada, se o seu timbre de voz nos é audível, se seu ritmo nos acompanha.

    A verdade é que só a convivência maciça é capaz de nos conceder o verdadeiro presente de conhecer o outro. Só depois de muitas conversas, muitas ideologias compartilhadas e muitas situações limite superadas é que temos o direito, ainda que limitado, de tirar conclusões acerca do outro.

    Antes disto, ele é tão somente o resultado de nossas impressões, carregadas com nossos próprios padrões, nossos próprios julgamentos, nossa própria expectativa.

    O outro só pode se tornar alguém palpável em nossas memórias, em nosso conceito e em nossas vidas, quando damos a ele a oportunidade de mostrar-se a despeito de nossas próprias projeções. Quando nos despimos daquilo que esperamos, quando ignoramos aquilo que gostaríamos que o outro fosse, quando calamos nossas certezas, quando deixamos o outro livre para ser exatamente aquilo que ele quer ser, só então damos a nós mesmos a oportunidade de adentrar a alma do outro – até onde ele nos permitir, é claro – e descobrir, na sutileza cotidiana, se ele de fato nos apetece.

    Toda primeira impressão é chula, burra, superficial – especialmente num mundo lotado de bons fingidores.

    O amor, a simpatia e as conexões de alma só se dão à luz da mais sóbria convivência e da mais paciente observação, nas situações em que o outro deixa de se preocupar com as primeiras – ou segundas, ou terceiras impressões – e concentra-se integralmente em ser ele mesmo. Só então somos capazes, sutil e naturalmente, sem a inquietude dos primeiros encontros e a avidez das novas descobertas, compreender o outro em sua plenitude, até decidirmos, sobriamente, até que ponto nos permitiremos a entrega.

    ass-nathalie


    " Todos os nossos conteúdos do site Casal Sem Vergonha são protegidos por copyright, o que significa que nenhum texto pode ser usado sem a permissão expressa dos criadores do site, mesmo citando a fonte. "