A paixão é para quem suporta a carga psíquica, como diria o poeta contemporâneo. Apaixonar-se é uma escolha – se é que se pode escolher – arriscada. Implica em esperar a aceitação do outro, está ligada ao medo devastador da rejeição.
Apaixonar-se não é para quem deseja o conforto, as noites bem dormidas, os horários marcados e as certezas absolutas. A paixão é sempre incerta.
Estar apaixonado é se atirar no vazio de uma vida desconhecida, é tão intenso e tão avassalador que não permite regras, ensaios ou contratos prévios. O risco de sair ferido é gigantesco, mas o sorriso no rosto compensa.
As borboletas no estômago têm o preço alto: custa meia dúzia de incertezas, insegurança e alguma dose de desespero. É como abrir mão dos pés no chão para que se possa alçar voo.
A paixão é quase patética. É tão clichê e tão piegas quanto esse texto.
É que o desejo comum de estar sempre seguro nos priva da sensação maravilhosa que só a paixão bem vivida – em queda livre – nos proporciona. Apaixonar-se não é pra quem tem medo do tombo.
O que o seu medo de se apaixonar precisa saber é que, sim, você pode sair desgrenhado. Você pode se arrepender, o seu coração e o seu ego podem ser feridos, você pode mergulhar fundo demais numa alma rasa – mas esse é o preço pela leveza de se entregar a um sorriso que ainda não é teu, pela sensação enebriante de adentrar uma alma desconhecida.
Estar apaixonado é jamais estar no controle de absolutamente nada. E essa é a graça.