Sim, eu quero me casar com você. Não só com os beijos, os abraços e os chocolates compartilhados na tarde chuvosa de domingo. Quero também a sua maneira maluca de deixar tudo para depois (inclusive as brigas). Quero me comprometer todos os dias a te amar quando você menos merecer e não ir embora só porque uma faísca nos lembrou do quanto somos diferentes nos gostos. Gostar da mesma comida japonesa nunca sustentou nenhum relacionamento, quem dirá escutar a mesma banda de rock.
Quero me casar sim e que comece na alma mais do que em qualquer aliança. Que a gente nunca se esqueça do significado da palavra parceria e que possamos juntos conjugar a cumplicidade do verbo cuidar. Porque eu não tenho medo do compromisso, do laço invisível que me diz mesmo sem precisar que sou sua, de aproveitar a vida ao lado do outro. A gente só compreende a imensidão da palavra amor quando decide, de fato, se entregar de corpo e alma a alguém. E isso não é um status, um nome ou uma convenção. É uma escolha.
Sim, eu quero a roupa jogada em cima da cama. E as discussões por quem lava a louça, a cara amarrada quando algo não sai como planejado e as crises de falta de humor. Somos humanos, somos falhos, somos imperfeitos. Não busco um molde ou a peça que falta no quebra-cabeça. Busco alguém disposto a “jogar”. A literalmente quebrar a cabeça tentando reorganizar as peças para que tudo fique pelo menos bonito, mesmo que o encaixe não seja absoluto.
Deixo o receio do pacto da promessa falada, escrita, sentida, seja como for, para quem não acredita que esta forma de felicidade possa existir. Desprovida do pudor de amar eu quero mesmo a ousadia de enlaçar minhas ideias impulsivas com a coragem de quem se permite arriscar. Mesmo que não existam garantias, mesmo que amanhã seja tudo tão diferente do hoje, melhor viver por inteiro do que passar o resto dos dias sofrendo por meias verdades.
Eu quero você. Os filmes com coxinha (ninguém é infeliz com coxinha), as taças de vinho, o lanche surpresa no meio da tarde, a sua implicância quando está no videogame, as blusas amontoadas no sofá, o choro, o riso, o prazer, a reconciliação, os recomeços, o amor que se fortalece após cada burburinho. Nosso compromisso começa no livre arbítrio de escolher um ao outro todos os dias ao abrir os olhos. E quando a gente casa as nossas liberdades pode saber, vai sim durar a vida inteira. Universo nenhum separa o que se uniu por opção. Não quando existe amor (e vontade).