Não dá para controlar o que pensam/dizem sobre você. Desista enquanto ainda dá tempo de manter a sanidade. Desista antes que, pelos outros, afasta-se de você, da sua essência.
Da mesma maneira que as noivas – mesmo as mais caprichosas e perfeccionistas – não conseguem impedir que alguns convidados saiam da festa metendo o pau em tudo – da comida oferecida à escolha do vestido-, você não conseguirá inibir o surgimento de comentários negativos – e muitas vezes sem fundamento – a seu respeito. Não dá!
Se optar por um vestido que cobre os joelhos, dirão que você não consultou o Climatempo antes de sair, que paga de santinha, que sente vergonha de mostrar as celulites. Se trajar minissaia, vão dizer que é puta, que se acha a Ivete em dia de trio elétrico, que está a fim de roubar marido. Se… Não adianta ! Independente do comprimento da sua roupa e da quantidade de coxa à mostra, alguém vai encontrar pano para uma afirmação maldosa e que nada acrescentará. Só acrescentará mais inveja na roda do papo oco, aliás.
Se perder dez quilos, vão dizer está muito magra, com aparência de doente, passando fome. Se engordar dois quilos, quando virar as costas para ir ao banheiro, suspeitarão da sua tireoide, ansiedade, gula. E só vão parar de falar das suas dobrinhas quando você estiver voltando à mesa e conferindo o zíper da calça. E nem adianta continuar como está, na calça 40 e em algum lugar entre os 60 e os 70 quilos. Não tem jeito! Mesmo se estiver totalmente satisfeita com o seu corpo, acharão sobras e faltas. Porque sem elas, eles não têm assunto.
Se trocar de namorado, dirão que o atual é bem pior do que o ex, que mandou mal na escolha, que jogou uma chance de ouro no lixo. Se continuar com o mesmo cara por muitos anos, chamarão você de “acomodada” e o seu relacionamento de “fachada”. Se optar pela solteirice, pelas costas: “encalhada”, “ficou para a titia”, ”não conseguiu arrumar marido”, “só pode ser sapatão” e um bando de idiotices e falas preconceituosas. Não depende de você: solteira ou não, no Tinder ou fora dele, vão meter a colher e coisas bem piores em sua vida amorosa.
Se desistir da faculdade de direito para vender queijo coalho em Recife, dirão que fez burrice, que trocou o certo pelo duvidoso, que está condenada ao cheque especial. Se optar pelo caminho contrário (de vendedora de queijo coalho à advogada), falarão que é muito pretenciosa, que está dando um passo maior do que a perna, que não passará nem na prova da OAB. E se não fizer nada em horário comercial, por nítida inveja das suas caminhadas no parque às três da tarde, cochicharão: “aquela é vagabunda”, “é filhinha de papai”, “vive de herança”…
Se postar foto sorrindo no Facebook, afirmarão que é fake, filtro, alegria forçada. Se postar desabafo, falarão que é a rainha do mimimi, do coitadismo, da insatisfação. E se não postar nada, acredite: por alguém será acusada de omissão, de alienada, de moça que – por burrice e futilidade – não faz parte de movimento algum.
Foda? Depende. Se você continuar a se preocupar com o que falam, será um inferno. Pois nunca conseguirá 100% de aprovação. Nunca! Vai se podar um pouquinho por dia e, mesmo assim, continuará a receber pedradas, polegares apontados para o sul e “Será que ela não tem espelho em casa?”. Se você parar de tentar controlar o que pensam/dizem sobre você, porém, toneladas sairão das suas costas. E calará, finalmente, as tantas opiniões inúteis que estão impedindo que ouça a mais importante de todas: a sua.
Por melhor que seja, sempre existirá uma língua venenosa disposta a falar mal de você. Então, a pergunta do milhão é: vai permitir que isso exerça alguma influência em sua vida? Ou será feliz, à sua moda, independente do que afirmam os torcem para que você caia da passarela?