O banheiro feminino é um universo em expansão completamente interligado ao mundo que gira ao redor das mulheres. Uma galáxia complexa com milhares de planetas, vários corações que incandescem mais do que qualquer sol e uma lua tão cheia de fases que homem nenhum seria capaz de se arriscar a ultrapassar os limites destas portas. Quase uma extensão de seus corpos, almas e sentidos, as mulheres encontram nos ladrilhos frios e no espelho incapaz de esconder a verdade um abrigo para suas dores, frustrações e inúmeros segredos.
Não é à toa que estes refúgios recheados de grandes mistérios tornaram-se cenários de divertidas histórias e de fábulas assustadoras. Uma das lendas mais famosas é a da Loira do Banheiro, inspirada na história de Maria Augusta de Oliveira, que faleceu no final do século 19, em Guaratinguetá (SP). Obrigada a se casar jovem, ainda com 14 anos, a moça infeliz fugiu com um Ministro do Império para Paris onde viveu até 1891, ano em que teria falecido de pneumonia no auge de seus 26 anos (o motivo real é outra incógnita deste conto já que o atestado de óbito simplesmente desapareceu).
De volta ao Brasil, o corpo da mulher foi colocado em uma urna de vidro a pedido da família e alocado em um dos quartos da casa para visitação pública. Para o terror de todos, a mãe decidiu conservar o corpo da filha ali mesmo e se recusou a realizar o sepultamento quando o túmulo ficou pronto. A ideia não foi das melhores e a mãe sofrendo com pesadelos constantes sobre o destino da filha, sem saída, consentiu finalmente o enterro. Os anos se passaram e a casa da família se tornou uma escola estadual que, segundo relatos, é assombrada pelo espírito atormentado da loira que prefere o banheiro feminino para realizar suas aparições.
E o mais legal é que em breve o mistério da loira do banheiro será revelado.
Seja qual for a solução pra esse mistério, é inquestionável que os banheiros femininos escondem incontáveis enigmas. Dramas internos, lágrimas de amor, impulsos de vaidade. Tudo é permitido e dividido naquele breve espaço que é tão íntimo e ao mesmo tempo distante em sua solidão. Muito além de uma simples necessidade fisiológica, a ida ao toalete para as mulheres é uma pausa essencial na loucura da rotina. Um abraço apertado no meio de todo o furacão emocional. Se tratando de um esconderijo capaz de compreender como poucas pessoas tantas sensações únicas, nada mais natural que a Loira do Banheiro tenha se encontrado por ali, em seu próprio infinito particular, não acha?!