• Quem eu era antes de você
  • Quem eu era antes de você


    Todo relacionamento muda quem nós somos, até aqueles que não duram para sempre. Ninguém entra e sai de um namoro exatamente como era. Ou pelo menos, não deveria. A gente ouve muito por aí que não devemos mudar por causa de um cara ou uma menina, mas a verdade é que isso é uma afirmação um pouco egoísta e até limitadora.

    Claro que não é pra você deixar de assistir aquela série tosca que só você gosta porque seu namorado acha ridículo. Não é mudar no sentido de se transformar em uma cópia do seu/sua namorado/a. Não abandone as coisas que você ama ou as amizades que você tem, mas deixe seu coração aberto para coisas novas entrarem.

    Quem sabe se você finalmente aceitar aquela sugestão de livro que ele vive insistindo para você ler, você não acaba gostando? Ou se você der uma chance para aquele estilo musical que você sempre achou a maior das cafonices já inventada pelo homem, você pode aprender a gostar? Talvez não seja a música que você vai ficar ouvindo em casa sozinha, mas de repente você vai amar dançá-la em uma festa.

    E isso não vale só para livros, músicas e filmes. De repente seu novo amor tem dicas de moda pra te oferecer e eu sei que te falarem que mudar seu estilo por causa de outra pessoa é ridículo, mas e se ele tiver sugestões legais que não vão mudar sua essência? Não é pra você deixar de usar o moletom que você tem há doze anos e ama de paixão ou parar de usar as minissaias que você adora (se a sugestão do namorado foi qualquer coisa relacionada ao comprimento das suas saias isso não tem nada a ver com o que eu estou falando, ok?). Aquela camisa fica mesmo muito legal em você e não é que aquele tênis combinou com seu vestido? Assim como aquela blusa com estampa que você deu de presente pra ele e primeiro ele teve vergonha de usar, mas agora anda por aí se sentindo o cara mais descolado do pedaço.

    E a mudança tem a ver com seus hábitos também. Você que sempre bateu ponto nas baladas de dez da noite às seis da manhã pode perceber que ficar em casa em pleno sábado a noite é legal também. Receber os amigos, fazer um jantar para aquele outro casal de namorados ou simplesmente ficarem só você dois de pijama bebendo vinho. Ou você que amava dormir até meio-dia no domingão pode aprender que acordar cedo pra caminhar no parque é uma delícia. Talvez não às sete horas da meia, mas oito e meia já está valendo.

    De repente seu namorado é um super conhecedor de arte contemporânea. Aquele negócio que você sempre disse que “parecia que tinha sido feito por uma criança de cinco anos”. Que tal baixar essa guarda e aprender com ele que não é bem assim? E claro, isso tudo é uma troca. Você também pode mostrar pro seu namorado que só come pizza e batata frita que um jantar gourmet também pode ser interessante. E daqui a pouco é ele quem vai estar de convidando pra conhecer o bistrô novo que abriu ali na rua dele.

    Relacionamentos tem que ser feito de trocas. Você tem que estar pronto para receber novas informações da mesma maneira que você quer ensinar tudo do seu mundo para o outro. Se você entra nessa com uma armadura de ferro e só fala “não” pra tudo de novo que surge, você abre mão de aprender e conhecer muito coisa legal que talvez de todas as pessoas que vão passar na sua vida, só aquela pudesse te oferecer (afinal, quando você vai arrumar outro namorado adorador de arte contemporânea?). E se o relacionamento acabar, tudo o que você viveu permanece vivo em você. E no meio da raiva e da mágoa dá até pra se sentir um pouquinho grato por tudo que o outro compartilhou com você. E uma dia você vai se surpreender quando entrar na fila sozinha daquela exposição que parece nada além de um monte de caixa de papelão espalhadas, mas que você sabe que é na verdade é arte kitsch. Legal essa palavra né?

    Na verdade é bem simples: nunca mude quem você é, mas deixa o coração aberto para aprimorar quem você pode ser.

    andrea


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