Terminar um relacionamento exige muita maturidade. Talvez mais do que manter o cuidado com a parceria no dia a dia mesmo. É pegar uma pessoa que foi de extrema importância na nossa travessia, recuperar a chave de volta e dar adeus a um monte de coisa bacana que não mais vai poder ser vivida por aquele casal. Independente se a ideia foi consensual ou se a iniciativa partiu unilateral, não importa: dói para ambos os lados. Machuca quem pede licença e infinitamente mais quem fica para trás. Então, porque não respeitar esse momento de resiliência com um pouco mais de cuidado?
A gente fica tão frágil, tão aéreo, tão fora de lugar depois do fim de uma relação que tudo o que queremos é um abrigo de silêncio para tentar retomar as coisas ao seu devido lugar. Tem choro, lágrimas, desabafo com os amigos, porre de madrugada, tem foto sendo rasgada e mensagens sendo apagadas. Ou ainda, para quem se vai resta aquele vazio de quem sabe que fez o que precisava, porém ainda não sabe lidar com a metade que agora falta. É um ciclo e todo esse furacão faz parte dele. O luto pós-término é essencial para o processo de recuperação do nosso coração partido. Justamente por isso que o respeito de ambos ao momento do outro é mais do que fundamental.
Nada daquela coisa cafona e ultrapassada de tentar fazer média com a sociedade de que está tudo bem depois do fim do seu relacionamento de 4 anos. Postar foto na balada para pagar de feliz, espalhar aos quatro ventos que foi a melhor coisa que aconteceu na sua vida, ficar disparando frase de efeito nas redes sociais para parecer “O” solteiro(a) intelectual/maduro/pra casar. Me poupe, se poupe, nos poupem. Pasmem, eu que achei que isso era coisa de adolescente que ainda não descobriu como se brinca dessa coisa de amor, me decepcionei quando vi que não, não é. É coisa de gente grande mesmo que acredita que buscar a aceitação de 500 amigos te torna um ser humano melhor.
Não estou dizendo para deixar de viver o novo status, de forma nenhuma. Acontece que certas coisas definitivamente podem ser dispensáveis num contexto como esse. Pensar mais no ex-parceiro(a), nos seus sentimentos, em como aquela pessoa que muitas vezes caminhou conosco durante muitos anos pode estar se sentindo. Ter um pouquinho que seja de compaixão pela dor do próximo, pela superação que pode não ser tão simples como de repente foi para a gente. Respeito. Não só pela história que foi deixada, como pelo tempo que dividiram juntos. Mais precioso doque saber chegar é saber sair com maestria, assim se conhece alguém por inteiro. Quando fica nítido a maneira como essa pessoa trata o outro quando não “precisa” mais dele.
Tá tudo bem curtir uma bad quando chega o fim. Você não será taxado, julgado, tampouco menosprezado simplesmente porque não fez alarde com a foto daquele churrasco com a turma no último fim de semana sem ela(e). Dói ver quem tanto amamos vivendo ali um monte sorrisos sem a gente. O amor é um pouco egoísta nessas horas sim, é quase inerente, contudo até esse sentimento passa depois de certo tempo. Tudo é fase e que possamos passar para a próxima sem ferir ou pisar no momento de ninguém. Lindo mesmo é saber que aquele que se foi deixou nada menos do que consideração. Claro que também não somos obrigados a nada. Mas, que ver o ser humano tratando o outro como gente de verdade e não como um ser inanimado dá uma restaurada na fé na humanidade, ah isso dá.