• O amor da sua vida passou  enquanto você mexia no celular
  • O amor da sua vida passou


    enquanto você mexia no celular


    Ele deu um sorriso meio canto de boca quando ouviu a sua risada fora do tom, mas você nem viu. Era importante naquele momento atualizar o Instagram, o Facebook, o Whatsapp e o Twitter com a selfie que guardaria para sempre aquele momento único do que mesmo? Ah sim, na verdade seu cabelo só estava num dia bom e você obviamente não poderia perder a oportunidade de registrar essa façanha e “sambar na cara das inimigas” seus cachos perfeitamente delineados quase saídos de um comercial de shampoo. Isso não se repete com frequência. Exceto pelo último final de semana quando você ganhou um batom novo que deixou a sua boca surpreendentemente atraente e foi logo correndo clicar a típica foto no espelho. A questão é: você quer um amor de carne e osso e não um que curta as suas postagens.

    Que viramos escravos das redes sociais isso não é nenhuma novidade. O universo virtual se tornou um verdadeiro muro de lamentações com desabafos, frases motivacionais seguidas de closes na beira da praia e muita, muita necessidade de ostentar um padrão rotina de novela para provar não sei o que, para sei lá quem. Se isso traz algum tipo de felicidade eu não faço ideia, mas o que eu sei bem é que andamos tão entretidos e envolvidos com o que acontece no ciberespaço que deixamos de aproveitar a vida onde ela realmente acontece: aqui fora.

    A dificuldade de desconexão é tão grande que saímos para jantar com os amigos e passamos mais tempo interagindo com figuras de uma tela do que com as pessoas que realmente estão à mesa. O check-in é importante afinal, como o resto do mundo vai saber que eu comi naquele restaurante internacional chiquérrimo, mesmo sabendo que o pedido foi só uma entrada comum devido aos valores exorbitantes. Viajamos, mas só tomamos conhecimento do salto de uma baleia no mar porque ele saiu no fundo de uma foto aleatória. Vamos para festas em busca de conhecer pessoas diferentes e acabamos no celular nos comunicando com as mesmas caras triviais de sempre.

    O interessante é que nos questionamos diariamente o porquê de não encontrarmos alguém para dividir a caminhada. Mal olhamos para o lado na mesa do bar! O amor da nossa vida só consegue a nossa atenção hoje em dia se vier fantasiado de 4G, pelos métodos tradicionais ninguém conversa mais com ninguém, ninguém sente a vibração do ambiente. Tudo se resume a pegar o número, o link, fim. Se conheçam ali, se deem a oportunidade de interagir na vida real. Não esperem a oportunidade sair de cena para se permitirem conhecer um ao outro por um chat. Coloca o aparelho no bolso e volte aos bons tempos em que celular era apenas para eventualidades.

    É preciso estar atenta (o) para se reconhecer o amor. Captar as pequenas singelezas, os sorrisos, os olhares desconcertados, as tentativas de aproximação. Infelizmente, parcerias não vêm com GPS ou sinal de Wi-Fi.  Não dá para saber quando ou com quem a magia vai acontecer. Ou você se mantém alerta ou vê de longe o rastro da possibilidade passar. Deixa que as memórias gostosas o coração guarda com grado. De tempos em tempos a sua timeline atualiza e aquele retrato, aquela marcação, aquela frase uma vez tão essenciais caem no esquecimento social. Lindo mesmo é poder olhar para o lado e ter alguém para te lembrar com a presença, fora da prisão desnecessária do julgamento dos outros, que o infinito que fica depende de contato e não de acesso à internet. 

     danielle-assinatura


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