• Qual a sua contribuição  no seu papel de trouxa?
  • Qual a sua contribuição


    no seu papel de trouxa?


    É difícil assumir pra gente mesmo quando não temos os nossos sentimentos correspondidos por alguém. Dá uma sensação horrível de impotência, insuficiência, uma descrença tão grande por mais uma vez não ter sido contemplado com o amor que a saída mais fácil é simplesmente negar a existência da incompatibilidade. Justificamos, procuramos incessantemente “porquês” que sustentem determinados comportamentos, ponderamos se não somos nós os exigentes além da conta e assim, meus caros, é que se molda pouco a pouco um nada agradável papel de trouxa.

    Para nós que somos o centro do caos é muito menos dolorido transferir a culpa da babaquice do outro para as nossas neuras e sair ileso de ter o coração partido, do que encarar a verdade nua e crua como ela é de verdade. E a gente se humilha tanto, mas tanto nesse processo que os resquícios de dignidade que restam acabamos utilizando na busca por “falsas finalizações”. A resposta da mensagem que não veio, o silêncio depois do último encontro, a falta de posicionamento perante a relação.

    Não adianta se enganar achando que vai ligar só para receber o ponto final que está implícito, a gente quer é que o cara mude de ideia da noite para o dia, que a menina comece a se interessar de uma hora para a outra, mas definitivamente insistência não é o caminho para isso. Silêncio também é resposta, indiferença também é resposta, empecilho demais para algo tão banal também é resposta. Saber entender e sobretudo aceitar as entrelinhas da situação é praticamente instinto de autopreservação. E quando se fala em sobrevivência quanto antes atento melhor.

    Anota aí: falar qualquer um fala, mensagem bonitinha na internet você acha um monte a pronta entrega, parecer interessado(a) não é o mesmo que estar interessado(a). Cola na testa, tatua no braço, coloca de fundo de tela no seu celular. Se a pessoa não faz por onde e demonstra de fato (com atitudes mesmo, aquela coisa rara de se ver) que você importa, que a relação de vocês importa, que existe amor estruturando esta parceria é porque não existe absolutamente nada pelo qual se deva lutar.

    A carência, com o perdão da palavra, costuma ser uma verdadeira merda. É ela que nos faz viver um livro de histórias que, na maioria das vezes, só existem dentro da gente. Desapegar de pessoas e sentimentos não é e nem deveria ser algo trivial, mas quando for necessário não podemos prolongar a nossa estadia nessa travessia. O papel de trouxa só se constrói porque a gente deixa. Se cala, se omite, se ilude, se humilha, se perde tentando encontrar abrigo no outro. Arrisco a dizer que a parcela de culpa dos demais envolvidos é mínima.

    Limite é uma coisa que ninguém pode estabelecer pela gente. Saber o momento certo de levantar as barreiras que cerceiam até onde o outro vai no nosso caminho é fundamental para a nossa sanidade mental e emocional. E eu sempre penso que quanto mais cedo abdicamos daquele passeio que tão logo já deu náuseas melhor, imagina lá na frente quando a roda-gigante já estiver completando suas mil voltas. Um amor que precisa ser convencido a ficar por um instante, não merece a dor da nossa vida inteira. Surpreendente ou não, quem define o fim da linha somos nós. E poucas sensações são tão libertadoras quanto estabelecer: comigo, você só chega até aqui.

    danielle-assinatura


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