Nunca é demais falar sobre respeito. O que não deveríamos fazer com os outros já que não gostaríamos que fizessem com a gente ou o que não deveríamos fazer com ninguém simplesmente porque não é legal. Principalmente em tempos em que as pessoas estão tão absurdamente sem noção nenhuma de limites é essencial se ponderar sobre a maneira como estamos nos relacionando. Tratar alguém como se fosse um mero adereço nunca foi um comportamento aceitável, então favor não confundir liberdade de escolhas com “posso fazer a babaquice que eu quiser que tá tudo bem”. Grata, a gerência.
Não dever satisfação a ninguém é uma coisa, dar de cara na balada com a menina que você tinha desmarcado um encontro porque estava “doente” é outra completamente diferente. Não vejo qual a dificuldade que as pessoas têm de falar a verdade, abrir o jogo, jogar a real na mesa. Não quero sair, foi legal, mas não quero repetir, não estou a fim de você. Fim. Acredite, dói muito mais enfrentar a realidade numa situação desconfortante (sim, cedo ou tarde tudo vem à tona) do que simplesmente ser sincero.
Mas, existe o porém que é bom cozinhar em banho-maria, certo?! Ter sempre a tiracolo aquela válvula de escape, o plano B, a pegada fácil. Pra que dar linha, se amanhã quando não pintar nada de melhor para fazer você pode recorrer à sua prateleira de troféus. Gente transformando gente em artigo de colecionador. E não sei se o que mais me horroriza é esse tipo de atitude ter se tornado “normal” para quem pratica ou justificável para quem aceita.
Agora, só porque não namora, saiu uma vez ou é apenas um rolo pode-se deixar de lado as entrelinhas que mapeiam relacionamentos sociais bons e saudáveis? Respeito não precisa de intimidade, contato com nome de amor no celular, muito menos saber o sobrenome. Respeito é fundamental seja no trato com o vendedor que te forneceu o pão, seja com a menina que perdeu algumas horas com você naquele show de rock, seja com o cara que está tentando despertar um afeto que você não pode retribuir.
Para você pode não ter sido nada, mas para a outra metade foi bacana, foi especial, valeu a pena. Se não foi recíproco, se a vibe ou o timing forem outros, se não for rolar reprise é só ser uma pessoa maravilhosa, cheia de caráter e verbalizar a sua vontade. Sem precisar pisar no sentimento de ninguém, sem precisar estragar uma lembrança bonita que ficou guardada e, o mais importante, sem precisar humilhar a dignidade de alguém que dividiu com você duas coisas preciosíssimas nos dias de hoje: sorrisos e tempo.
É muito fácil ser uma pessoa legal. Com certeza é mais fácil do que inventar a décima desculpa esfarrapada para não encontrar o amigo da sua prima naquele dia. Não, pessoas honestas não são mal compreendidas, o que acontece na maior parte das vezes é um deslize na hora de articular as palavras. Sem essa de questionar a inteligência do outro com o típico “o problema não é você, sou eu”. Ele sabe que a questão era muito além, só precisava que você preenchesse aquele silêncio com verdades que não foram ditas. Para você ela era um “contatinho”, para ela você era um ser humano. Aja como tal, seja como tal.