Sexo sem conexão – pra que fazer?
Em um país de tanta pornografia institucionalizada escancarada nas telas do cotidiano, o sexo é que ainda é considerado sacanagem.
As pessoas não conversam sobre sexo: vão fazendo, como um aluno de humanas na aula de matemática. Vão vendo no que dá.
Às vezes justificando o silêncio celibatal através instinto animal – que é real, mas não suficiente para um sexo bacana -, às vezes fazendo piada porque falar sério sobre sexo é imoral demais, às vezes simplesmente se calando, que é o jeito mais fácil – mas o mais desastroso.
Ninguém conta verdades inteiras sobre os próprios fetiches. Afinal, apesar da promiscuidade geral aparente, tabus continuam sendo tabus. A moralidade flecha o prazer, envergonhado, de joelhos. Parceiros sexuais inventam-se para si mesmos por medo de mostrarem-se.
Casais que não conversam sobre sexo não fazem sexo, encenam sexo. As mentes e almas não estão conectadas. Os desejos não acham maneira de se encontrarem: e aí instala-se a odiosa e recorrente punheta terceirizada a dois.
Sexo é conexão, e conexão é diálogo, e – com o perdão do sofismo barato – sexo sem conexão é punheta.
Falar sobre o que se quer e mostrar o que se quer é tão difícil no sexo quanto na vida. Leva tempo. Gasta energia. Mas é a única maneira – perdoe, mais uma vez, a franqueza – de se fazer sexo que se preze.