Há certas verdades chocantes que procuramos evitar durante toda a nossa vida, mas, em um momento preciso, adentram inevitavelmente as portas de nossa rotina fugaz.
Eis uma delas: vivemos uma geração que desaprendeu a amar. Nunca tantos casos de amor deram errado. Nunca tantas pessoas pensaram ser amor estando enganadas. Nunca foram tantos presenteados com o amor e boicotaram-no.
O amor, para esta geração, virou uma muleta de fragilidades: o outro atrai porque tem um quê de perdido, exatamente como você, exatamente como eu, exatamente como toda a nossa geração.
Em vez de amarmos, ancoramos nossas solidões, partilhamos, mesmo fóbicos, os nossos segredos, e no exato momento em que pensamos ter encontrado a felicidade, ela se esvai sinistramente sob a luz da realidade – que, por sinal, desconhecemos.
Você ama quando sabe que o outro tem medo de avião e precisa de um rivotril sublingual pra dormir. Você o ama quando ele ratifica seus medos. Quando te mostra que não é só você: ele também tem problemas com a mãe; ele também sente aquele vazio existencial que por vezes parece impreenchível; ele também acredita que tudo vai ficar bem no final, mas é facilmente traído por suas certezas.
O amor fechou as portas, porque um amor limpo de fragilidades precisa de uma geração limpa de fragilidades.