Tag: Sarah

San Junipero já existe

Depois de algumas horas no Happn, enfim surge a pergunta:

– Quer migrar de plataforma?

Não. Queria migrar para o teu sofá. Ou melhor, espera, quem sabe você migra pra cá. Queria te ver em tamanho real, movimento, três dimensões. Isso não foi uma cantada. Estou falando sério.


Eu queria um amor, não um financiamento

Eu não quero ser a chata. Você já deveria saber. Nós nos conhecemos, nos interessamos, eu me aproximei porque quis e achei que você gostasse também. Que fique claro: sei o caminho de volta. Não precisa se preocupar.


Querer um amor não é desespero

Ouvi dizer que as mulheres de 30 estão desesperadas. Que estamos agoniadas. Que temos perdido o sono armando planos pra caçar um homem pra chamar de nosso. Um marido para arrastar para as festas e mostrar ao mundo que a gente deu certo.


A vida não espera

É a sua vez, e ninguém vai vir avisar. Temos que partir dessa perspectiva. Não haverá uma chamada em voz alta, uma batidinha no ombro no meio da multidão. Só não digo que existe uma vida linda esperando lá fora porque a vida não espera. Ela flui.


Não lute por um amor

Nunca aprendi a gostar de ninguém, muito menos a desgostar. Não sei se é falta de habilidade ou só mesmo impaciência. Das vezes que eu tentei foi um desastre. Faltava tesão, vontade de ficar perto, sobrava aquele distanciamento que eu gostaria de saber simular quando realmente estou a fim.


Sobre redes sociais e desconexões

A utilidade das redes sociais depende da maturidade de quem as usa. No meu caso, zero. Fiquei três dias sem Facebook. Não foi autocontrole. Escrevi uma senha de olho fechado, copiei num e-mail que quase não uso e importunei meus amigos com um papo de alcoólatras anônimos. A parte chocante: não me fez falta. Quando vi que conseguia ficar longe voltei, como todo bom viciado.


Eu poderia ligar, mas preferi mandar mensagem

Não foi o preço. Não foi o barulho. Não foi falta de tempo. Depois de tantos anos de comunicação calculada, a verdade é que eu desaprendi a falar no telefone. Hoje, se alguém me liga, eu me assusto. É hospital? É dinheiro? Se tá tudo bem, por que ligou? Parece que toda ligação requer justificativa. Tirando a minha mãe e os funcionários de operadora que atendo frequentemente, é como se existisse um pacto: ou a gente se encontra ou você me deixa pensar.


Ninguém vai se lembrar das noites assistindo Netflix

Dizem que somos racionais, mas eu não sei até quanto. Faço contas de cabeça, entendo causa e consequência, mas encontro com o meu outro lado o tempo todo.

Demorei pra conseguir admitir, mas preciso de emoção como preciso de banho.


Se não for ficar, não venha.

Não importa a academia, o regime, o suco verde. Depois dos trinta, fiquei pesada. Não sei o que aconteceu, mas de uma hora pra outra me vi cética, sincera e talvez bastante impaciente. Com algum ensaio e menos rodeios, hoje em dia eu pergunto. Ouço, com uma dor conhecida, respostas que não surpreendem.


Que bom que estamos vivos

“Que bom que estamos vivos” foi a frase mais importante que eu li ultimamente. Estava numa exposição, encontrei-a no meio de um quadro e na hora me impressionou. Tirei fotos que não cheguei a postar, mas essa ideia ficou marcada na cabeça.


Estamos confusos, mas não perdidos

Dia desses eu ouvi que a minha geração não tem planos. Que a minha geração não tem a mesma garra. Que a minha geração não tem força para virar noite após noite até se tornar diretor. Ouvi que desistimos logo, que não temos referência, que nosso trabalho é irrelevante, que colocamos a


Eu não sou a foto do perfil

Depois de encontros entusiasmados, enfim chegamos à bifurcação. Bifurcação é aquele ponto em que o interesse de repente se dissipa e ocorre a sublimação de qualquer possível futuro. Em um tempo que não consigo definir exatamente, a história muda de rumo.


Deixa o que passou

Forgiveness. Vou colocar em inglês pra ver se fica mais bonito. Por algum motivo, perdão não soa bem. Claro que poderia ser pior, vide jubileu e regozijo, mas guarda um ar antigo, às vezes pesado demais.

Mesmo não gostando da palavra, perdão é importante,


Um amor de oitava série

Volto para 1998. É janeiro. Faz um dia bonito, daqueles em que a luminosidade muda a cor de todas as coisas, o céu ganha um azul amarelado e tudo parece suspenso pelo calor. Já passou do meio dia, volto da praia por uma rua onde não passa ninguém,