• Só é traição se rolar sexo ou beijo na boca?
  • Só é traição se rolar sexo ou beijo na boca?


    Ciúme foi, durante um bom tempo, um personagem na minha vida. Ele, volta e meia, dava as caras. Se não tentasse controlar, virava paranóia, tirava noites de sono, motivava brigas sem sentido algum. Até que resolvi terminar com o ciúme de uma vez – nosso caso antigo, já não dava mais certo. Sabia que seria impossível impedir que ele desse as caras de vez em quando mas, a partir daquele dia, decidi que eu ficaria no controle. Essa seria somente mais uma coisa que tive que aprender na vida, assim como, quando crianças, aprendemos que se deitar no chão e fazer birra ao ser contrariado, não funciona. Certos hábitos precisam mudar.

    Para conseguir controlar o ciúme, cheguei a conclusão que a única saída seria firmar acordos com as pessoas com as quais me relacionava. Simples assim: Não vou sentir mais ciúme, mas a gente tem que prometer que diremos a verdade sempre, um para o outro. Essa era a condição. A verdade, por mais que doa, sempre acaba machucando menos do que as cicatrizes deixadas pelo ciúme. Esse acordo tem funcionado muito bem até hoje mas, durante essa trajetória de mudanças, me deparei muitas vezes com as exceções à regra – quero que me conte a verdade mas, até que ponto, é necessário saber de todos os detalhes da vida do outro?

    Pessoa nenhuma, seja ela livre ou compromissada, está isenta de ser prospectada. Mulheres costumam sofrer mais assédio, mas homens também passam por isso. De repente, entra na firma aquela mulher linda que, por algum motivo, resolve puxar papo com você. Ou o professor da academia que, por algum motivo, resolve dar uma de personal trainer e não arreda o pé do seu lado. Ou ainda a gerente do banco que sempre de olha de um jeito comprometedor no intervalo de uma conta ou outra. E aí, como proceder, já que não podemos controlar o comportamento das pessoas ao nosso redor? Acredito que essas situações podem ser divididas em algumas categorias abaixo:

    > Olhadas: Olhadas podem vir de pessoas na rua ou de pessoas fixas, que sempre te olham de um jeito sedutor.

    > Flertes: Existem vários níveis de flertes, sendo o mais leve deles, aquele no qual a pessoa te envia mensagens subliminares dizendo que está afim de você – se captou ótimo, senão ela finge que nada aconteceu. O nível da gravidade do flerte vai subindo proporcionalmente de acordo com quão direto a pessoa é.

    > Conversinhas: Essas são complicadas, pois sempre são cheias de malícias. Muitas vezes vêm acompanhadas de toques no outro (aquela apoiada no ombro, a mãozinha na perna como quem não quer nada, etc). Nesse caso, os dois envolvidos estão cientes que está rolando um clima e continuam alimentando a situação.

    > Approach direto: Nesse caso, uma das partes ou as duas, não escondem suas intenções. Aqui, a única coisa que o separa da traição convencional, é que a pegação não é consolidada.

    > Fato consumado: Nessa categoria, não tem nem o que dizer. É a última depois de todas as outras anteriores.

    Diante te tantas situações diversas nas quais os integrantes de um relacionamento podem se submeter, fica a dúvida sobre o que pode ser considerado traição. Tem gente que considera que olhadas mais frequentes já entram para a lista da deslealdade. Outros afirmam que, se o fato não for consumado, não há traição, mesmo já tendo rolado olhadas, flertes, convesinhas e approach direto. E mais difícil do que determinar o que é traição ou não, é saber o que deve ser contado para o outro com quem você firmou um acordo de honestidade. Será que é mesmo necessário falar sobre as olhadas e sobre os flertes? Será que eles realmente importam ou só servem para colocar minhoca na cabeça do outro?

    Adoraria ter uma resposta oficial depois de tanto tempo de reflexão sobre o assunto mas, lamento informar – a única conclusão na qual cheguei é que cada caso é um caso. Eu sei, não era isso que você queria ouvir. Mas acredito que as únicas pessoas que podem determinar o que deve ser dito ou não, são as integrantes do relacionamento. Talvez um critério para definir o que deve ser contado ou não, seja sempre contar o que você gostaria de saber, caso estivesse no lugar da pessoa. Pode parecer um cuidado exagerado mas, para quem teme perder algo valioso que possui, não há cuidado que seja extremo. Ou talvez eu esteja totalmente equivocado. Então finalizo a coluna de hoje com uma pergunta, em vez de uma conclusão: para vocês, como definir o que é traição ou não? Aguardo, ansiosamente, respostas.

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