• Deixem o Feio ser Feio – no que o  Politicamente Correto Está nos Transformando
  • Deixem o Feio ser Feio – no que o


    Politicamente Correto Está nos Transformando


    Escrevemos recentemente duas listas: 20 Dicas para você pegar mulher mesmo sendo feio, e a versão feminina, 20 dicas para você pegar homens mesmo sendo feia. Os textos geraram polêmica. Fomos trollados. Em nossa timeline no twitter pipocaram RT de pessoas que acharam o texto “ridículo”. Recebemos comentários nos chamando de insensíveis. E todo esse burburinho me fez chegar em uma conclusão: as pessoas são mais preconceituosas do que elas mesmas podem perceber.

    As duas listas tratam de um tabu em uma perspectiva que não é politicamente correta. Vivemos em uma sociedade onde o belo é cultuado – persegue-se incansavelmente o bonito, o atraente, o sedutor. Nessa busca, criam-se padrões de beleza definidos geralmente pela mídia. Experimente assistir o extinto programa do Chacrinha do Youtube – repare nas roupas, nos cabelos, nos corpos. Aquelas pessoas para as quais você olha e pensa: “Nossa, que brega”, estavam totalmente adequadas ao padrão de beleza da época. O que é feio para você hoje, era bonito antes. O feio é relativo. Hoje os padrões mudaram, porque determinamos outras características para fazer parte do grupo das coisas feias.  E as pessoas que hoje estão estão fora da forma considerada normativa para o quesito beleza, se prejudicam sim na área dos relacionamentos (para não mencionar as outras áreas da vida –  quem nunca viu um “boa aparência” incluso nos pré-requisitos para um emprego?). Tudo começa com a atração, com o externo. A beleza interior é essencial, mas só conseguimos enxergá-la quando ultrapassamos a barreira da aparência. E aí é natural que os feios saiam em desvantagem. Se você acha que isso não existe, se desprenda um pouco do politicamente correto e enxergue os fatos sem máscaras. Essa foi a motivação do post – como ajudar as pessoas a fazer com que a questão da beleza seja apenas um mero detalhe, se equiparando e até ultrapassando assim, os bonitos?

    As pessoas ficaram revoltadas porque falamos sem vergonha desse gigantesco tabu que é “ser feio.” Se tivéssemos trocado o feio por “não tão bonito”, “simpático”, ou por “menos privilegiado fisicamente”, acredito que boa parte das pessoas teriam visto o texto como algo normal. Mas como nosso objetivo diário é quebrar tabus, escolhemos ir direto ao termo original, sem eufemismos para evitar verdades óbvias. A reação das pessoas nos faz perceber que a invasão do politicamente correto tem tido um efeito oposto de sua intenção original, pois tem contribuído para uma sociedade mais hipócrita. Já não se pode mais chamar o velho de velho – agora ele é idoso, ou pior de tudo, pertence à “melhor idade”, expressões essas fracas demais para simbolizar o poder e o respeito que todo velho merece. O gordo, não pode ser mais chamado de gordo – uma característica física marcante dele – ele agora é fortinho ou pior cheinho. O negro, coitado, perdeu até o direito de possuir uma cor própria. Agora eles viraram afro-decendentes – mas afro significa “originário que vem da África”, então sobre quem estamos falando? A África do Sul tem uma parte da população branca e loira. Os marroquinos tem uma cor de pele totalmente diferente dos senegalenses, mas os originários dos dois lugares agora recebem o mesmo nome – querem transformar o pardo e o negro em uma coisa só. E depois ainda tem pessoas que acreditam que o politicamente correto age contra o preconceito. Ora, pra mim preconceito é, entre outras coisas, perder o direito de assumir a cor da sua pele.

    Um outro exemplo é a questão das mulheres X homens. Hoje em dia mulher não pode assumir que tem uma facilidade em efetuar serviços mais delicados, favorecidos pela sensibilidade feminina. Ai da mulher que assumir que não gosta de dirigir e que adora quando alguém faz a baliza por ela. Eu, por exemplo, sou mulher, dirijo diariamente no trânsito caótico de SP, mas o faço por não ter opção. Troco fácil dirigir por limpar minha casa ou fazer uma comida. Mas não podemos dar o braço a torcer jamais – precisamos amar dirigir, trocar lâmpadas, arrumar o carro. Daqui a pouco nos colocarão para cortar lenha. E a mulher que afirma que não serve para essas coisas mais masculinas é vista como machista, como alguém que se rebaixa, que se considera inferior aos homens. O politicamente correto está fazendo com que percamos até o direito de cultivar nossas habilidades favorecidas pelas tão importantes e vitais características masculinas e femininas.

    Essa tentativa incansável de mascarar a realidade tem criado um universo paralelo e fantasioso, onde todo mundo sabe a verdade, mas tem que fingir que não sabe. Precisamos rever o que é preconceito – no meu humilde ponto de vista, ser preconceituoso é discriminar o outro por suas particularidades – ou seja, quando você chama um negro de negro, você não está o desrespeitando e sim se referindo a ele como ele realmente é. Ele possui pele negra, algum problema nisso? Por isso clamamos – deixe o feio ser feio, o negro ser negro, o velho ser velho, o gordo ser gordo. Se essas verdades te incomodam, antes de xingar muito no twitter, faça um melhor uso do seu tempo e reflita a respeito – afinal, o conhecimento liberta.


    " Todos os nossos conteúdos do site Casal Sem Vergonha são protegidos por copyright, o que significa que nenhum texto pode ser usado sem a permissão expressa dos criadores do site, mesmo citando a fonte. "