Eu realmente não entendo qual é o problema em querer discutir a relação. Talvez, por eu ser mulher, isso já seja algo praticamente intrínseco a mim, mas fato é que uma nuvem nebulosa envolve as chamadas DRs, amedrontando os homens e deixando as mulheres angustiadas. Ultimamente querer ter uma DR é visto como algo errado, algo que os homens não gostam e as mulheres deveriam evitar. Isso porque elas acreditam que os homens não vão querer ouvir, vão ficar impacientes porque nunca há o momento certo, porque hoje é domingo à tarde e tudo o que eles mais querem é continuar esparramados no sofá da sala vendo o jogo de futebol na TV. Elas ficam então chateadas pensando “só eu me importo com essa relação?”. E isso, na tudo verdade, não precisava ser assim, afinal: qual é o problema em um casal se comunicar?
Livros e psicólogos listam as dez frases que não devem ser ditas durante uma DR, cinco dicas de como melhorar a vida a dois sem ter uma DR, oito maneiras de medir as palavras antes de ter a tal conversa com o parceiro… Já ouvi inclusive o papinho de que quando se começa a discutir a relação é porque, quase sempre, ela não existe mais. Ou que homem não gosta de conversar, gosta sim é de transar, que DR boa é aquela que termina na cama. Porra, eu também gosto de sexo, mas isso não significa que devo deixar o lado emocional de lado, não? Eu estou tendo um relacionamento, não uma foda casual.
Todo esse cenário anti diálogo faz com que, muitas vezes, a mulher se sinta uma chata por ter que assumir o papel do “vamos conversar”. Tem muito drama em volta dessa palavra. Aí dá preguiça ter DR, quando na verdade isso era pra ser uma coisa natural. Aí tem gente que prefere empurrar a sujeira pra debaixo do tapete. Sempre que percebe algo errado ou algo a incomoda, finge que não percebeu, deixa para amanhã, espera a “poeira baixar”. É seguindo esse caminho que pequenos incômodos tomam proporções gigantescas. Você vai acumulando mágoas e chega uma hora que não dá mais. Acaba estourando com o outro por um alfinete que caiu no chão. Essa fórmula é infalível para brigas homéricas nas quais um fica jogando na cara do outro, de uma forma não muito agradável, tudo aquilo que ficou guardado.
É natural da mulher querer compartilhar seus sentimentos. Se ela está feliz ela quer transmitir essa felicidade pra você também, se está triste vai querer um ombro para acolhê-la e tirá-la da melancolia. E nada mais normal que esse comportamento se transporte para os relacionamentos amorosos. Ela vai querer dividir as alegrias quando estiver com você, mas, se sentir que algo não está bem, vai querer conversar também. É que homens têm dificuldade em perceber sutilezas, por isso às vezes temos que ser mais diretas. Mas fala sério, bem melhor a mulher ter atitude em querer ter uma DR do que você ter que passar por aquela cena clássica: o cara encontra sua mulher emburrada, de cara fechada. Ela mal consegue encará-lo, quanto menos beijá-lo, aí ele pergunta: “O que foi?”, e ela responde: “Nada”. Uma palavrinha tão seca e evasiva, porque ela quer sim que ele adivinhe o que fez de errado, afinal, é tão óbvio que ela não deveria nem ter que apontar o erro.
Uma DR não tem que seguir protocolo, ela tem que acontecer naturalmente. Nem tem que amedrontar porque discutir não significa brigar, e sim debater, questionar, dialogar… Algo que pra uma parceria ser boa, deveria sempre funcionar. Falando nisso, um estudo realizado por pesquisadores da Universidade de Michigan, nos Estados Unidos, publicado na Journal of Family Communication, revela que os casais que discutem em casa vivem mais. E aí, vamos conversar?