Ninguém me disse o quanto seria dolorido se apaixonar. Nenhuma manifestação deixou claro a dor de perder alguém que se ama. Nunca aconselharam prudência, perseverança, paciência antes de iniciar um relacionamento. Não há placa de sinalização alertando os motoristas sobre os perigos da estrada acidentada que irão ingressar.
Eis uma, finalmente. Liguem os motores.
Mas antes, algumas dicas de segurança. Amar é bom demais! Os relacionamentos afetivos são o verdadeiro motivo da nossa existência. O texto não pretende desmotivar. Mas acidentes acontecem. Sigamos em frente.
Não interessa o que lhe dizem sobre o caminho. A verdade é que cada um possui sua bússola, sua direção. É ainda mais complexo, já que seu companheiro(a) de viagem possui um aparelho que aponta em sentido diferente. Então, antes de levantar voo, certifique-se de conhecer bastante quem lhe acompanhará por todo o trajeto. Mas tenha na cabeça que valores são contruídos e não comprados em lojas de conveniência.
Saiba também que não existe a posição fixa de motorista e navegador. Essas funções se renovam a cada curva, ou melhor, crise. Muitas vezes, quem dirige precisa relaxar. A condição é cansativa e carregada de responsabilidades. Por sua vez, aquele que costuma apontar o caminho precisa estar aberto a procurar atalhos ou mesmo decidir-se por um trajeto mais longo, se isso for pelo bem da posteridade.
Não é uma corrida. O prêmio é chegar. Encontrar o que nos espera do outro lado da empreitada. Não sabemos do que se trata, mas queremos chegar lá. Dizem que é bom, perfeito. Dizem. Mas, muitas vezes, a beleza sublime está do lado de fora da janela. É preciso parar, registrar o que muitos veem como borrão. Também é importante ter na cabeça que, quem viaja com você, deseja o mesmo. Ninguém está ali para atrapalhar. Queremos ajuda na trilha.
Confuso é saber que você pode ficar só a qualquer momento. Não se pode viajar tranquilamente com carga tão pesada. Por isso, deposite essa lembrança no fundo do porta luvas. No entanto, não a esqueça. É importantíssimo que você não perca a autosuficiência, a propriedade de seguir estrada sozinho e bem, se necessário.
A dor é um pedido de carona. Ela entra no seu veículo no momento em que paramos para outro descer e nos acompanha depois, no isolamento da estrada. Limpa o parabrisas para enxergarmos melhor enquanto enxuga nossas lágrimas pelo mesmo motivo. A solidão, por mais estranha, é nossa grande companheira. É no vão deixado pela dor que aprendemos a ser independentes. E o contrário é como o álcool nas estradas do amor.
Além de admirar a paisagem, existem paradas para as necessidades básicas. É hora em que a analogia restringe a dissertação. E, como não há mapa, manual ou guia que nos ajude, é momento perfeito para a reavaliação. Sentemos-nos com outros mochileiros, sejamos caridosos com quem segue seu rumo, troquemos experiências, tracemos novas rotas, choremos a saudade de um lugar no tempo para onde não mais podemos voltar. Comemoremos a vida, o amor, o caminho. Conforta saber que, apesar dos desvios, todos buscamos o mesmo destino: a felicidade
Boa viagem.