• Mulher com Filhos – o  Terror das Sogras dos Comerciais de Margarina
  • Mulher com Filhos – o


    Terror das Sogras dos Comerciais de Margarina


    Oportunista, pronta para dar o golpe no primeiro homem que conseguir arrastar para a sua teia, a mulher que já tem filhos só vai entrar em um relacionamento para tirar metade do que o namorado tem. Será isso mesmo?

    Esse pensamento ainda permeia a sociedade. O fantasma da família dos comerciais de margarina levantou do caixão onde a sua propaganda foi enterrada para assombrar as famílias que não aderiram ao seu plano maligno. A mulher que tem filhos antes do casamento (e mesmo a separada) foi pintada de preto e vestida como uma grande aranha selvagem capaz de seduzir os pobres bons moços que cruzam seu caminho.

    A realidade é que o filho é sempre da mulher. Mesmo que ela não queira ou não tenha condições de criar o filho, a legislação tem uma série de artigos que a obrigam a permanecer com a criança. E o homem, que muitas vezes nem sabe o desfecho daquela transa eventual, pode continuar a viver a sua vida. Resta o que? A velha história da mulher sozinha, com uma criança embaixo do braço, que vê os homens entrarem na sua vida prometendo amores imensos antes de saírem correndo ao som do choro de febre durante a madrugada, a noite mal-dormida, a falta de liberdade e o peso da educação.

    Depois de ter um filho, a mulher muda seus hábitos. Se antes ela podia libertar o Charlie Sheen, encher a cara e dormir o dia todo, agora ela tem uma criança que depende dela e tem, nela, a sua referência. Ela vai precisar dar o exemplo e parar de mentir, regular nas bebidas, comer espinafre e deixar a casa organizada. Ela pode estar machucada, magoada com os outros relacionamentos e vai precisar de tempo para se abrir. Ela vai ter que voltar da balada mais cedo e não vai poder sair quando não tiver quem cuide da criança. Ela vai ter outros compromissos: pediatra, reuniões da escola, homenagem ao dia das mães, apresentação de balé, show do Patati e Patatá, e pode não ter mais energia para transar quando chegar em casa.

    Mas ela precisa entender que a vida passa. O filho tem a vida toda pela frente, mas a vida dela já passou um bocado e a opção entre viver e ser coadjuvante da história do filho é dela. Ela vai descobrir que o seu parceiro pode ser o mais compreensível do mundo, mas não está errado em querer que ela tire um tempo para os dois. (Não significa deixar o filho em casa porque quando ele for adolescente vai sair e deixar a mãe em casa também. Isso é lutar contra a consequência antes de criar a causa.) Curtir um cinema, um jantar a luz de velas no dia dos namorados, um passeio ao luar, uma noite de sexo fazem parte de qualquer relacionamento, com ou sem filhos.

    O homem que entrar nesse relacionamento precisa ser maduro o suficiente para abrir mão de muitas coisas. Ele precisa entender que alguns dias ela não vai poder sair. Ele precisa saber que a criança vai ficar doente e exigirá da mãe todas as forças que ela tiver e que não tiver. Ele precisa entender que este não vai ser um relacionamento padrão, como o dos amigos. Ele precisa compreender que ela pode amar o filho e ele ao mesmo tempo, mas que na hora de escolher entre os dois, vai optar pela criança. Ele precisa ter a consciência de que ela é responsável por aquela criança e a opção de dividir ou não essa responsabilidade é unicamente dela. Ele vai ter que driblar o ciúme que a criança terá da mãe e estar preparado para o momento em que ela perguntará sobre o verdadeiro pai.

    Os dois precisarão entender que este será um relacionamento a três sem que isso envolva um ménage. Os dois vão ter a prova diária de que eles não são o centro do mundo. Vão ter que aguentar muito choro para que a criança não cresça apanhando da vida. Vão dormir exaustos e acordar de madrugada com aquele calorzinho do xixi que escapou no meio da noite. Vão descobrir que vai demorar até conseguirem ter uma refeição calma, sem bagunça. Vão namorar ao som do “pintinho amarelinho” e assistir muitos desenhos antes de poder voltar aos filmes. Vão perceber que pode não ser nada fácil abrir mão de tanta coisa, mas podem encontrar a alegria em outras formas de viver. E vão entender que os planos vão mudar, as músicas vão mudar, o sexo pode mudar, mas o amor permanece. Esse é o segredo que as sogras tanto temem: as aranhas selvagens podem virar mulheres normais, que amam e fazem os filhos delas e os seus próprios tão felizes quanto às famílias dos comerciais de margarina.


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