• Campanha Contra A Extinção  Dos Pelos Pubianos
  • Campanha Contra A Extinção


    Dos Pelos Pubianos


    A era Cláudia Ohana de mata virgem, consagrada na revista Playboy de 1985, pode ter ficado para trás, mas acabar de vez com os pelos pubianos é exagero. A ditadura da depilação total para as mulheres e da máquina zero para os homens nas partes baixas está deixando os corpos infantilizados demais. Mulheres parecem menininhas, e homens bonecos de borracha. http://casalsemvergonha.com.br/wp-includes/js/tinymce/plugins/wordpress/img/trans.gifE não me venha com o papo de higiene, essa desculpa para a imposição desse padrão estético não cola. A moda pubiana do momento nada tem a ver com questões de higiene ou saúde. Se fôssemos por esse caminho, encontraríamos mais razões para manter os pelos do que para eliminá-los.

    Não defendo uma volta total às nossas origens peludas, apesar de entender que cada um é livre para cultivar sua floresta como quiser, independentemente dos padrões estéticos que tentam nos enfiar goela abaixo. Uma aparadinha sempre vai bem, tanto para as mulheres quanto para os homens. A maioria já se acostumou demais ao minimalismo e fica difícil retroceder. A preservação moderada da vegetação pubiana é uma alternativa bastante razoável.

    Sexo precisa ter pelo menos um pouco de pelos, senão parece brincadeira de criança. Os pelos nos separam da infância. Esperamos com tanta ansiedade pelas primeiras penugens na puberdade e agora queremos exterminar tudo sem dó. Os jovens de hoje já olham seus pelos com nojo, querem arrancá-los antes mesmo de nascerem por completo. Quem tem ojeriza só de imaginar o contato lingual com um pentelho precisa rever seus conceitos sobre sexo. Pentelho não é nojento e engasgar com um pelinho não mata.

    Os pelos são aquela última barreira de mistério antes da fonte do prazer. Os pelos inspiram sacanagem, guardam um pouco dos aromas da nossa excitação, contam a história daquela trepada selvagem, que deixou os pentelhos dele grudados na minha coxa. Os pelos nos lembram que já passamos da puberdade, que somos livres para descobrir e desfrutar todos os deleites do sexo.

    A quantidade de pelos pubianos foi diminuindo ao longo das décadas, sobretudo por influência estética das atrizes e dos atores de filmes pornôs. A depilação total começou a aparecer nos anos 1990. Ainda tenho a esperança de que esse não seja um caminho irreversível. Caso contrário, a comparação antológica entre bucetas e aranhas logo não fará mais nenhum sentido para as novas gerações. Será preciso encontrar outra analogia menos peludinha e explicar para os mais jovens o que Raul Seixas quis dizer com o Rock das Aranhas.

    Não estou só nessa cruzada contra a extinção dos pelos pubianos. Outros trovadores contemporâneos defensores do sexo à moda antiga, como os cronistas Xico Sá e Fabrício Carpinejar, já se manifestaram a favor da mesma causa. Vamos preservar o triângulo das Bermudas, o velho bigodinho de Hitler, os pelos masculinos bem aparadinhos, mas não raspados. Não podemos acabar assim com a história da mata pubiana e propagar uma ditadura estética que nos deixa com corpos de criança. Não é só o macaco-aranha que precisa da nossa proteção para não desaparecer, os pelos pubianos também correm o risco de entrar em extinção.

    E você, leitor? Apoia a campanha ou é a favor do desmatamento geral?


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