Este texto é para vocês que me disseram que não daria certo, que escrever não me levaria a lugar algum e que eu precisaria pensar em outra forma para tentar ser feliz. Este texto é para vocês que me incentivaram a nem começar, achando que podiam prever como este imenso sonho ia acabar. E também para vocês, que insistiram para que eu deixasse meus textos escondidos na última gaveta, lá de casa, negligenciasse meu maior desejo e, simplesmente, esquecesse meus sentimentos arquivados em algum canto do coração. Este texto é dedicado a todos vocês, hábeis podadores de sonhos alheios e péssimos regadores das realizações possíveis.
Não me lembro do dia e nem do horário, mas de repente eu me vi perdido em meio a centenas de folhas amassadas e palavras derramadas com a fluência de uma enxurrada. Vi-me entregue a uma vontade impossível de ser controlada. Devia ter uns doze anos, não sei bem ao certo, mas não conseguia parar de escrever e, naquele momento, percebi que não suportaria mais manter meus gritos enjaulados e que cravá-los no papel seria a melhor solução para não morrer engasgado com as tantas coisas que precisava dizer com a urgência de quem parecia estar sempre prestes a um apocalipse iminente.
O tempo foi passando e eu continuei escrevendo. Compulsivamente. Cada dia mais. Escrevia de tudo. Fazia poesia, prosa, crônica, conto, carta e bilhete. Qualquer coisa que me dava na telha era um ótimo motivo para deixar o peito aberto desaguar no papel. Aquilo tomou conta de mim e logo não havia mais lugar ou momento para escrever.
A vida também foi passando, e o tempo me obrigou a escolher uma profissão. Então escolhi. Decidi ser publicitário e achei que assim, escrevendo anúncios e roteiros para comerciais, seria capaz de conter essa minha fome por palavras. Ledo engano. Apesar de ter tido momentos felizes com a publicidade, percebia dia após dia que não podia passar a vida tentando dar voz a produtos que nada têm a ver comigo e pensando em formas para dizer coisas nas quais nem sequer acredito. Precisava enfim ouvir o briefing do meu coração e escrever exatamente sobre aquilo que sentia.
Foi aí que o Casal Sem Vergonha entrou na minha vida e, graças a um concurso promovido pelo blog, tive a primeira chance de mostrar ao mundo aquilo que, até então, envelhecia em algum lugar esquecido do meu quarto ou de algum apartamento no qual um dia morei. Esse palco nobre me abriu outras portas. Consegui espaço em outros blogs e até um cantinho em uma edição da revista Nova. Mas queria ainda mais. Hoje, já totalmente tomado por essa incontinência de versos, diversas vezes incapaz de esperar terminar o banho para dar vida às ideias que surgem do nada e sendo constantemente obrigado a parar o carro no acostamento para fazer um novo texto, informo que meu primeiro livro acaba de chegar. Isso mesmo. “Confissões de um Cafamântico” é o nome do meu primeiro “filho”, fruto da árvore que reguei com muita dedicação.
Antes que me esqueça, informo que este texto é mais do que a vontade de dar um soco na cara das tantas borrachas que tentaram apagar minhas palavras. E é um desejo incontrolável de dar um abraço forte, demorado e de agradecimento infinito nas inúmeras pessoas que não permitiram que eu deixasse de acreditar na magia das palavras e, para essas, só para as incentivadoras verdadeiras, confesso que é impossível terminar estas linhas sem os olhos cheios de água. Sim, são lágrimas de alguém que não sabe mais como conter tanta alegria. São lágrimas de alguém incapaz de contê-las ao perceber que se livrou de um sonho e deu a luz a um livro.
Ficha técnica:
Confissões de um Cafamântico
Autor: Ricardo Coiro
Editora: Schoba
1ª edição – 2013 – 168 páginas
R$30,00
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