• Completar ou Transbordar? –  Uma Discussão Sobre A Matemática do Amor
  • Completar ou Transbordar? –


    Uma Discussão Sobre A Matemática do Amor


    Se você gostar deste artigo, dê LIKE para a autora ser escolhida como colunista do Casal Sem Vergonha em 2013.

    A fórmula é simples: 1 +1 formam 2, e não há nada que conteste isso.  Certo?

    Não. 1+1 não formam 2 – pelo menos, não para o amor. Em uma ciência tão inexata quanto a de amar, 1+1 podem formar qualquer coisa – 2, 3, 4… Ao dividir o amor se ganha, ao multiplicá-lo se ganha, ao subtraí-lo também se ganha. Nem que seja a certeza de não amar mais daquele jeito, mas o importante é isso: se ganha. Porém, a fórmula fundamental, a resposta que todos buscam ao calcular o risco e avaliar as probabilidades é que 1+1 se tornem apenas UM. Uma escolha, um caminho, um sonho, uma jornada, uma vida, uma verdade. A junção de duas vontades, duas metades, o encaixe onisciente e onipresente do que eram dois agora em um.

    Bonito de se pensar que podemos nos tornar unidade, viver de forma utópica, abrir mão de desejos, de vontades, de se ser o que é para se tornar algo melhor. Algo melhor? Melhor?! Desde quando eu deixar de ser metade do que eu sou é melhor? Nisso ninguém pensa. Ninguém realiza que se tornar um significa, primeiramente, abrir mão do que se é. E você? Você está preparado para deixar de ser 50% de você?  Imagina acordar todo dia de manhã ao lado de quem se ama com meio sorriso no rosto, esperando que a outra metade parta dele. E se a metade dele for uma boca torta de mau humor?  Ficam os dois, o dia inteiro, parecendo o Coringa tomando Prozac?

    Sim, eu estou exagerando (MUITO) nesse exemplo, mas não no que quero dizer. Tornar-se um significa, sim, abrir mão do que se é. E ninguém sobrevive a isso, muito menos o seu relacionamento. Se você é daquelas que estufa o peito para falar “ele me completa”, “fomos opostos que se atraíram” e todo esse blá blá blá de “fomos feitos um para outro apesar das diferenças”, já te digo de cara que a única coisa que eu escuto é: “estou tentando me convencer, através de todas as desculpas possíveis, de que existem coisas nele que eu não suporto, mas que vão mudar”.

    O que mais ouvimos de pessoas com relacionamentos em frangalhos é que deixaram de ser o que eram pra fazer o outro feliz. E você, não merecia ser feliz? Valeu a pena passar por cima de tudo que você levou anos pra construir pra descobrir sobre você mesmo, por causa de alguém?

    Ninguém é metade pra ser completado por ninguém. Quando existe uma necessidade enorme de esquecer, abrir mão, de anular-se pra deixar o outro entrar, o sacrifício de se ter torna-se muito maior que a dádiva de amar.

    Claro, em todo relacionamento existem concessões, é necessário fazer adaptações, ceder, mas em prol do bem comum, não do outro ou de você. E aí está a resposta: 1+1 são 2, e não um. Jamais serão um.

    Sabe aquela frase da Sra. Lispector, que virou figurinha carimbada no Facebook? “Não procure alguém que te complete, complete a si mesmo e procure alguém que te transborde”. Pois então, ela estava certíssima. E se eu pudesse complementar o que ela disse, diria que cada pessoa que entra na nossa vida não simplesmente nos transborda, nos reinventa. Ao dividir tudo o que são, consequentemente abrem um infinito de possibilidades para também dividir tudo o que somos. E é só quando nos descobrimos um que podemos permitir que outro faça parte deste nosso universo.

    Mais do que isso, somente quando sabemos o que somos é que podemos reinventar os nossos problemas, os nossos paradigmas e aceitarmos de bom grado a mudança. Podemos então deixar entrar, não aquilo que faz falta, não aquilo que complementa, mas, sim, o que expande.

    E é aí que a equação final fica balanceada – não importa a quantidade de frações, somas, divisões ou qualquer outra operação no caminho. Quando entendemos que o amor é construído por duas individualidades, o resultado é sempre o mesmo: ganha-se.


    " Todos os nossos conteúdos do site Casal Sem Vergonha são protegidos por copyright, o que significa que nenhum texto pode ser usado sem a permissão expressa dos criadores do site, mesmo citando a fonte. "